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5 Momentos para Higienização das Mãos – Programa da OMS segue válido?

5 Momentos para Higienização das Mãos – Programa da OMS segue válido?
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Nos ambientes de saúde, a higienização das mãos entre os profissionais em atuação é fator importantíssimo para bloquear a cadeia de transmissão de patógenos, evitando que infecções acometam os pacientes. Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 2009, um modelo intitulado “Os 5 Momentos para a Higienização das Mãos” focado em auxiliar os trabalhadores a manter a limpeza frequente.

Mas será que um padrão instituído há mais de uma década segue atendendo às necessidades do setor? Um artigo recentemente publicado pelo BMJ Quality & Safety e intitulado “The problem with ‘My Five Moments for Hand Hygiene’” coloca em xeque alguns pontos que podem limitar esse movimento.

Antes de mergulhar nos questionamentos, é interessante relembrar o programa da OMS. “Os 5 Momentos para a Higienização das Mãos” aponta que os profissionais devem higienizar suas mãos antes do contato com o paciente, antes da realização de qualquer procedimento asséptico, após risco de exposição a fluidos corporais, após o contato com o paciente, e após o contato com áreas próximas ao paciente (clique AQUI para ver em detalhes).

Agora passamos aos questionamentos do artigo, também divididos em cinco pontos.

  • Ponto 1 – O primeiro questionamento feito pelo artigo está no fato de que o programa foi desenvolvido há mais de 10 anos, ou seja, antes de muitas diretrizes contemporâneas, então deixa de considerar as perspectivas das partes envolvidas.
  • Ponto 2 – Outro ponto destacado está na percepção de que a rotina dos profissionais e as estruturas nem sempre possibilitam que o programa seja implementado para todos os pacientes, visto que cada indivíduo tem suas necessidades e cada ambiente suas criticidades. Como exemplo, o artigo menciona a grande quantidade de idosos com doenças crônicas e, consequentemente, suscetíveis a infecções, sendo atendidos em ambulatórios comunitários. Além disso, em países de baixa renda, há superlotação das instituições de saúde, fazendo com que se torne impossível implementar a ideia de que cada paciente ocupa um espaço distinto.
  • Ponto 3 – O artigo também enfatiza que o programa não considera que um hospital é bastante complexo e que nem sempre é possível enxergar todas as instalações fora do ambiente de assistência ao paciente como uma área única e homogênea. Além disso, corredores e recepções, por exemplo, podem ser algumas das áreas mais contaminadas, e os profissionais que circulam entre esses espaços podem ser responsáveis por disseminar infecções. Outro ponto, ainda sobre o ambiente de assistência, é que não se trata de uma área fixa. Os pacientes se movem dentro desse espaço e, também, para fora dele.
  • Ponto 4 – Segundo a publicação, o programa fomentado pela OMS ignora as barreiras que podem reduzir a adesão aos protocolos de higienização das mãos ao pressupor que a decisão pela higiene é sempre do profissional de saúde, sem considerar que muitas vezes existem prioridades conflitantes. Um exemplo está na alta carga de trabalho e nas interrupções que os trabalhadores da saúde vivenciam diariamente, principalmente aqueles que atuam com cuidados intensivos. Em jornadas intensas, muitas vezes os trabalhadores seguem sem pausa entre as tarefas e torna-se impossível determinar, com precisão, quando a higienização das mãos é necessária.
  • Ponto 5 – Por fim, o artigo reforça que locais afastados dos ambientes de assistência ao paciente podem estar contaminados com patógenos capazes de sobreviver por longos períodos, contaminando assim as mãos dos profissionais de saúde. Nesses casos, a infecção somente será evitada se a higiene for realizada antes da entrada no ambiente de assistência ou do início do contato dentro dela. Porém, essa adesão costuma ser baixa e, mesmo se a higienização for realizada, ela pode não ser suficiente para remover todos os microrganismos. Isso sem falar no compartilhamento de equipamentos portáteis (como monitores de sinais vitais) e outros itens diversos que representam um risco adicional.

Pensando em como solucionar esses entraves, o artigo lista soluções para promover a higiene das mãos no ambiente hospitalar:

  • Reescrever as diretrizes de higiene das mãos com base em metodologias mais recentes considerando as preferências e opiniões dos profissionais de saúde e dos pacientes.
  • Instituir, como norma, a higienização das mãos para todos que atuam nas instituições de saúde e implementar uma campanha nacional utilizando uma comunicação visual padrão para ser lançada junto com a adesão a dispositivos acionados por presença, evitando o toque (como abertura automática de portas).
  • O risco pode ser reduzido com a introdução de um processo de assepsia completa no início e no final dos turnos de trabalho e em intervalos predeterminados a fim de compensar potenciais negligências ou higienização insuficiente das mãos. Essa solução não visa substituir o indicado no programa da OMS, mas ser um suporte extra. Além disso, seria necessário investir em educação e treinamento para essa nova abordagem.
  • A quarta solução trazida pelo artigo visa à redução da carga microbiana do meio ambiente, o que pode ser alcançado com o aumento da frequência de limpeza tanto nos ambientes clínicos quanto nos não clínicos, dando ênfase para a limpeza das superfícies onde há muito contato. Além disso, sugere a utilização do gluconato de clorexidina incorporado em preparações para higiene das mãos à base de álcool por ter uma atividade bactericida residual que tornaria o efeito de antissepsia mais persistente.

Pandemia de COVID-19

A higienização das mãos foi apontada, durante a pandemia, como um dos melhores caminhos para evitar a transmissão do novo coronavírus tanto dentro quanto fora dos ambientes de saúde. Assim, profissionais e público em geral aprenderam a manter as mãos limpas e a utilizar, rotineiramente, álcool gel.

Porém, por mais que essas medidas tenham sido implementadas com sucesso ao longo da jornada pandêmica, precisamos garantir a sustentabilidade desse comportamento. Dessa forma, o artigo do BMJ Quality & Safety reforça a importância de campanhas nacionais com esse foco e do investimento na atualização das diretrizes e do uso de tecnologias que auxiliam a reduzir a contaminação para atender às necessidades atuais de todo o mundo.

Referências:

(1)  The problem with ‘My Five Moments for Hand Hygiene

 

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