No último 24 de julho, a Prefeitura de São Paulo lançou um Informe Técnico elaborado pelas NMCIH/DVE/COVISA/SEABEVS/SMS-SP, visando a prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), causadas pelo patógeno Clostridioides difficile (C. difficile).
Este relatório — clique aqui para baixar — aborda medidas cruciais para controlar a disseminação deste agente infeccioso nos serviços de saúde da cidade.
O Clostridioides difficile (antes chamado de Clostridium difficile) é um bacilo Gram positivo anaeróbio produtor de esporos, conhecidos por serem o principal causador de IRAS nos Estados Unidos (EUA).
O Informe Técnico destaca que a colonização assintomática por C. difficile no intestino grosso é mais comum em pacientes adultos hospitalizados, especialmente naqueles com múltiplas internações, doenças crônicas e histórico de uso de antimicrobianos.
Os números alarmantes de infecções causadas por C. difficile nos EUA — mais de 450.000 por ano — chamaram a atenção para a necessidade de medidas preventivas eficazes.
Estima-se que a mortalidade atribuível a essas infecções varie de 4,5% a 16,7%, a depender do período epidêmico ou endêmico, e além disso, essas infecções tendem a ampliar a permanência hospitalar em 2,8 a 5,5 dias.
No Brasil, a pesquisa sobre o tema é limitada devido à falta de disponibilidade de exames específicos, especialmente na rede pública de saúde. Ainda assim, observa-se um aumento na quantidade de casos, embora a gravidade clínica não tenha sofrido alterações significativas.
A disseminação da infecção se dá principalmente pelo contato direto, sendo as mãos dos profissionais de saúde frequentemente apontadas como os principais veículos de transmissão.
A nota técnica destaca a importância da adesão rigorosa às precauções de contato e à higiene das mãos nas unidades de assistência ao paciente. Além disso, a contaminação de materiais e equipamentos compartilhados entre os pacientes também foi identificada como um fator significativo na disseminação da infecção.
O documento apresenta uma série de diretrizes para a prevenção eficaz das IRAS causadas por C. difficile. Entre as principais ações recomendadas, destacam-se:
- Uso criterioso de antimicrobianos: recomenda-se um uso adequado de antimicrobianos para o tratamento da infecção por C. difficile, visando a redução dos riscos de colonização;
- Implementação de práticas de gestão e exames laboratoriais: são sugeridos critérios pré-estabelecidos para diagnóstico laboratorial de C. difficile e ações de vigilância para detecção de casos;
- Limpeza e desinfecção adequadas: o Informe enfatiza a importância de protocolos de limpeza e desinfecção rigorosos, especialmente em relação a equipamentos e superfícies frequentemente tocadas;
- Sistema de alerta integrado: propõe-se a implementação de um sistema de alerta em cooperação com o laboratório de microbiologia para garantir a notificação imediata em casos de C. difficile.
- Educação de pacientes e familiares: a educação é destacada como uma ferramenta importante para esclarecer pacientes e familiares sobre a infecção, as precauções de contato e a higiene das mãos. Lembrando que o engajamento dos pacientes é tema da Campanha 2023 da OMS para o Dia Mundial da Segurança do Paciente.
O relatório ressalta que, embora essas medidas sejam fundamentais, ainda existem questões não resolvidas na prevenção de infecções por C. difficile, como a identificação de portadores assintomáticos, o uso de probióticos como profilaxia primária e a profilaxia com antimicrobianos para pacientes de alto risco.
Portanto, o lançamento do Informe Técnico pela Prefeitura de São Paulo marca um passo importante na luta contra as infecções relacionadas à assistência à saúde causadas por Clostridioides difficile.
O documento oferece orientações práticas e abrangentes para assegurar a Segurança dos Pacientes e a qualidade dos serviços de saúde na cidade, contribuindo para a redução dos riscos de disseminação dessa infecção grave.
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