Para o presidente da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein, as melhorias em alocação e gestão de recursos poderiam garantir o financiamento necessário para dar aos brasileiros uma saúde digna
O papel do líder é fundamental para a cultura organizacional de toda empresa, de acordo com o presidente da Sociedade Israelita Brasileira Albert Einstein (SP), Claudio Lottenberg, que ministrou a conferência de abertura sobre “Influência da gestão participativa nas lideranças institucionais” do VIII Seminário Nacional em Acreditação Internacional, realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), nos dia 7 e 8 de novembro, em São Paulo.
Para ele, a cultura organizacional depende do profundo envolvimento da liderança com os níveis estratégicos, táticos e operacionais da empresa. “O líder pode ter vários atributos, mas jamais poderá abrir mão de seu compromisso e valores com a instituição”, assegura. Lottenberg falou ainda sobre o comprometimento da liderança com os processos de qualidade, fundamental para criação de barreiras de risco e o aumento da segurança.
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Falando sobre as condições de saúde no Brasil, Lottenberg afirmou que “melhorias em alocação e gestão de recursos poderiam garantir o financiamento necessário para dar aos brasileiros uma saúde digna”. Para isso, apontou três ações fundamentais: garantir o bom uso dos recursos, buscando mais eficiência e melhor governança e gestão; aprimorar o planejamento da operação e a expansão do sistema de saúde integrado; e, reorganizar o sistema colocando o paciente como foco. Para ele, atualmente, faltam informações confiáveis sobre o sistema de saúde, “sem as quais não é possível monitorar o desempenho e a qualidade dos serviços”. Para o presidente da Sociedade, é preciso ainda criar redes regionais integradas de prestadores de serviço e integrar os sistemas de informação clínica.
A conferência de Lottenberg foi seguida pelo painel “O papel das lideranças na implantação e monitoramento da cultura da segurança e nos comportamentos seguros dos profissionais de saúde”, com a participação do Diretor Médico e Superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), Miguel Cendoroglo Neto, e da Gerente de Qualidade, Segurança Assistencial e do Serviço de Atendimento Médico e Estatística (SAME) do Hospital Sírio-Libanês, Sandra Cristine da Silva.
O superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein destacou que comportamentos seguros dos profissionais de saúde têm reflexos diretos na qualidade dos cuidados de saúde e, juntamente com a transparência, são fundamentais para atingir uma boa cultura de segurança.
De acordo com Cendoroglo Neto, apesar dos esforços e melhorias para padronizar e sistematizar a assistência da saúde, a frequência de eventos adversos continua alta: 1 em cada 10 pacientes desenvolve condições adquiridas através da assistência a saúde durante a hospitalização, segundo pesquisa apresentada por ele. Entre elas estão: infecções, úlceras por pressão, quedas e efeitos colaterais de medicação.
5 Regras de Ouro da Segurança
Para evitar danos, o Hospital criou as chamadas 5 Regras de Ouro da Segurança. São elas: Consciência (“Nunca ignore uma situação ou comportamento inseguro – Todos têm autoridade e dever para interromper atividades e comportamentos inseguros”), Atenção (“Mantenha sempre a atenção na atividade que está sendo executada e siga os procedimentos, regras e sinalizações de segurança”), Cuidado (“Cuidado no trajeto. Não corra. Use o corrimão ao descer e subir escadas. Ao caminhar ou prestar assistência ao paciente, não use o celular”), Comunicação (“Todos os incidentes devem ser imediatamente comunicados e tratados”) e Segurança (“Só execute se estiver seguro – Nenhuma tarefa é tão importante que não possa ser executada com segurança”). Como resultado, o número de acidentes biológicos reportados no Centro Cirúrgico passou de 17, em 213, para 8, em 2015.
O Superintendente defende que a falta de transparência na relação hospital-paciente-família, pode afetar a credibilidade institucional. Foi justamente um evento sentinela que mobilizou a direção do Hospital a incluir em seu plano estratégico, projetos nas áreas de Educação, Transparência, Pesquisa e Inovação. Entre as ações implementadas estão o Conselho Consultivo para Segurança do Paciente, com a participação direta de pacientes e familiares, e dois Códigos de Segurança, um para incentivar pacientes e familiares a solicitarem informações sobre o tratamento e o outro para promover o melhor cuidado entre os profissionais da saúde.
Cendoroglo Neto diz que o processo de disclosure foi fundamental para que o evento adverso não afetasse tanto a confiabilidade e a imagem da instituição. De acordo com ele, foram às ações responsáveis e de transparências adotadas no caso, que fizeram com que a família não entrasse com processo judicial contra o hospital e que a mídia não repercutisse negativamente o fato.
Cultura de Segurança
Gerente de Qualidade, Segurança Assistencial e do Serviço de Atendimento Médico e Estatística (SAME) do Hospital Sírio-Libanês, Sandra Cristine da Silva disse que é preciso que os erros não sejam apontados como falhas individuais, mas como falhas do sistema. A gerente deu 7 recomendações, para que a liderança obtenha a segurança do sistema. São elas: construa a cultura de segurança; lidere e apoie os profissionais; integre na sua atividade a segurança do paciente; estimule os relatos; envolva os pacientes e familiares; compartilhe as ações de segurança; e, implemente ações para evitar lesões.
Para fortalecer a cultura de segurança, Sandra Cristine assegura que é preciso lidar com o erro de forma acrítica, ética e transparente e ainda, que se construa um ambiente de trabalho coeso e respeitoso. Para ela, é importante que uma instituição encoraje seus profissionais de linha de frente a relatarem suas preocupações, e que invista em dois aspectos: melhoria da comunicação e em ferramentas robustas para aumentar a confiabilidade dos processos. A Gerente disse que benchmarking e o empoderamento das equipes e paciente como fundamentais para a promoção da Cultura de Qualidade e Segurança.
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