Estudo randomizou pacientes em dois grupos, o primeiro utilizando medicação inalatória e o segundo apenas placebo
Até 40% dos pacientes das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) submetidos à ventilação mecânica invasiva desenvolvem pneumonia, normalmente devido às microaspirações e à formação de biofilme que levam à disseminação bacteriana progressiva.
O caso é sério em todo mundo, visto que esses episódios têm taxa de mortalidade de cerca de 13%, além de aumentar o consumo de antibióticos, o tempo de ventilação mecânica e os dias de internação.
Por mais que seja um cenário comumente observado nos serviços de saúde, há uma janela de oportunidade para a prevenção, momento em que a equipe clínica pode optar pelo uso profilático de antibióticos inalatórios.
Como a literatura até então disponível não deixava claro a evidência de benefício dessa opção terapêutica, um estudo (1) multicêntrico, duplo-cego e randomizado fez essa avaliação através da observação de dois grupos com um total de 850 pacientes adultos submetidos à ventilação mecânica por pelo menos 72 horas.
O primeiro grupo recebeu, uma vez ao dia, por três dias, nebulização com 20mg por quilo corporal de amicacina inalatória e o outro grupo recebeu apenas placebo (soro fisiológico) nas mesmas proporções e via de administração.
O desfecho primário da análise era um episódio inicial de pneumonia associada à ventilação mecânica durante 28 dias de acompanhamento, cenário que se concretizou em 15% do grupo utilizando o antibiótico inalatório e em 22% do grupo em uso de placebo, sendo que, em média, o grupo sob administração do medicamento teve atraso de 1,5 dias no aparecimento da primeira pneumonia.
Além disso, ocorreram menos complicações associadas às infecções relacionadas à ventilação mecânica (18% no grupo da amicacina contra 26% no grupo do placebo).
Prevenção farmacológica com amicacina: conclusões
Dessa forma, a análise sugere que a administração de três dias de amicacina inalatória reduz a carga de pneumonia associada à ventilação mecânica no comparativo com o placebo. Isso porque o medicamento aparentemente auxilia no controle da disseminação traqueobrônquica de bactérias.
Como o estudo envolveu pacientes com pelo menos 72 horas de intubação, há a percepção de que aqueles com possibilidade de extubação precoce têm ainda mais benefícios, visto que a utilização preventiva da amicacina reduz o risco de exposição deles a antibióticos.
Além disso, como somente sete pacientes do grupo da amicacina apresentaram um evento adverso grave, nota-se que a taxa incidências e complicações no uso do medicamento é baixa, de apenas 1,7% (no grupo placebo ocorreram eventos adversos em 0,9% dos pacientes).
Referência
(1) Inhaled Amikacin to Prevent Ventilator-Associated Pneumonia
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 2