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Quintuple Aim – Precisamos falar sobre equidade em saúde

Quintuple Aim – Precisamos falar sobre equidade em saúde
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Com a pandemia de covid-19, uma nova temática ganhou força dentro do contexto da saúde: a falta de equidade na assistência no mundo. Tanto que muitas publicações passaram a divulgar o Quintuple Aim, ou seja, a inclusão da equidade aos quatro objetivos de melhorias já discutidos anteriormente.

Uma publicação (1) da HealthLeaders, portal norte-americano focado em notícias de saúde, aborda o Quintuple Aim de forma bastante didática. O texto, divulgado em fevereiro deste ano com base em artigo recente do JAMA (2), enfatiza que para iniciar as tratativas para equidade em saúde são necessários quatro passos essenciais: identificar as disparidades; projetar e implementar intervenções baseadas em evidências; investir em métricas e incentivar a equidade.

Vamos analisar de forma mais aprofundada cada um desses passos.

1. Identificar disparidades – Trata-se de compreender onde estão as falhas do sistema para, então, concentrar energia em solucioná-las. É preciso lembrar que essas disparidades podem se basear em questões raciais, de gênero e de classe. Como exemplo, a publicação relata que o excesso de morbidade e mortalidade é quatro vezes maior em mulheres negras do que em mulheres brancas nos EUA. Além disso, a mortalidade infantil também é maior em bebês negros do que em brancos.

2. Projetar e implementar intervenções baseadas em evidências – Depois de identificar os problemas é preciso agir. E, de acordo com o texto, essas intervenções não melhoram apenas a assistência aos que têm menos acesso. Melhoram o sistema como um todo, ampliando a qualidade para todos os usuários.

3. Investir em métricas – Ter indicadores de qualidade para mensurar exatamente o cenário é fundamental para compreender onde está a falta de equidade. Essas métricas são essenciais para analisar se as intervenções aderidas realmente estão gerando resultados positivos. Como exemplo, podemos pensar em pegar os indicadores clínicos e estratificá-los em indicadores demográficos como raça e gênero. Assim será possível observar se todos estão recebendo o mesmo atendimento, com a mesma qualidade.

4. Incentivar a equidade – Aqui trata-se de conceder incentivos financeiros para arcar com os projetos de melhorias, permitindo uma melhor mensuração dos cenários.

Como estamos no Brasil?

Um documento de 2013 do Ministério da Saúde (3) fala sobre como a promoção da equidade em saúde é um desafio para a gestão e reforça detalhes sobre a garantia da igualdade de assistência para a população negra, a população do campo e da floresta, os LGBTQIA+, as pessoas em situação de rua, e a população cigana. Importante lembrar que o tema também é pautado pela legislação, já que existem portarias diversas que abordam a equidade para essas populações mais vulneráveis.

Como exemplo da importância de identificar as disparidades, a terceira edição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (4), também do Ministério da Saúde, relata que a população negra representa 67% do público total atendido pelo SUS, sendo que a maior parte dos atendimentos concentra-se em usuários com faixa de renda entre um quarto e meio salário mínimo. Enquanto isso, mais dados (aqui vemos, também, a importância das métricas), nos mostram como a população negra no Brasil está mais vulnerável:

  • Enquanto 66,2% das mulheres brancas realizaram mamografia nos últimos dois anos, apenas 54,2% das mulheres negras o fizeram;
  • Enquanto 50,4% da população branca afirmou ter consultado um dentista nos últimos 12 meses, apenas 38,2% da população negra declarou ter visitado o profissional no período;
  • Das 1.583 mortes maternas confirmadas em 2012 no país, 60% eram de mulheres negras e 34% de brancas.

Triple, Quadruple e Quintuple Aim

Antes de encerrar essa matéria, vale a pena relembramos um pouco sobre todo o contexto que levou ao debate sobre o Quintuple Aim, que acrescenta a equidade como novo elemento para melhoria da assistência à saúde.

Em 2008, o mundo passou a abordar o Triple Aim: melhoria da saúde da população, melhoria da experiência do paciente e redução de custos. Posteriormente, já em 2014, surgiu um novo objetivo, formatando o Quadruple Aim: bem-estar da força de trabalho.

Agora, em 2022, estimulado também pela pandemia de covid-19, surge o Quintuple Aim, com a inclusão da equidade em saúde.

Referências:

(1) Quintuple Aim: Health Equity Added To Healthcare Improvement Directive

(2) The Quintuple Aim for Health Care Improvement

(3) Políticas de Promoção da Equidade em Saúde – Ministério da Saúde do Brasil

(4) Política Nacional de Saúde Integral da População Negra

 

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