Profissionais de saúde atuantes em hospitais lidam, diariamente, com muita pressão e responsabilidades que podem abalar a saúde emocional. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) esse cenário se agrava, colocando esses trabalhadores em um sistema de alerta constante que pode ser muito exaustivo.
Como resultado, de acordo com a literatura científica, a prevalência de burnout entre médicos e enfermeiros das UTIs chega a 45%, e essa condição está associada a depressão, ideação suicida, aposentadoria precoce e erros de medicação.
Como minimizar esse quadro? Segundo estudo conduzido no Japão, um dos caminhos mais eficientes está na construção de uma equipe que se completa e se apoia mutuamente. Mas o que isso quer dizer? O estudo sugere que esse apoio mútuo ocorre quando há feedback e capacitação para melhoria de desempenho, quando um profissional auxilia o outro que está nitidamente sobrecarregado, e quando há detecção de erros (lembrando que a cultura da culpa deve sempre ser eliminada).
Para chegar a essa conclusão, o estudo convocou profissionais de saúde que atuavam em UTIs pelo país para responder uma pesquisa online composta por: um questionário sobre características individuais e institucionais, outro sobre o ambiente de trabalho (que envolvia questões sobre tipo de turno, número de turnos noturnos, horas de trabalho por semana), um inventário de Burnout de Maslach-Human Services Survey para avaliação do burnout, e uma escala do TeamSTEPPS Teamwork Perceptions Questionnaire capaz de compreender se aquele trabalhador era apoiado pela equipe.
Ao todo, o estudo recebeu 330 retornos, sendo 58,5% de enfermeiros e 18,5% de médicos. Na amostra, havia estimativa de prevalência de 30% de burnout, sendo que os homens tinham probabilidade significativamente menor de desenvolver o quadro do que as mulheres e enfermeiros também apresentaram a condição com mais frequência do que os outros profissionais de saúde estudados.
Quanto à influência do apoio mútuo nas tendências de burnout, o estudo mostrou que o baixo suporte da equipe está associado a maior frequência de burnout nos ambientes das UTIs. São diversas as possibilidades capazes de explicar essa conclusão. A falta de relacionamento interpessoal, por exemplo, afeta a colaboração multiprofissional podendo desencadear questões psicológicas. Além disso, estruturas conflituosas no ambiente de trabalho podem gerar falta de comunicação, abuso verbal e esgotamento.
Como sugestão de melhoria, o estudo aponta que é interessante que a gestão das unidades de saúde fortaleça a cultura de apoio mútuo, introduza rounds à beira leito, e facilite a vigilância da saúde ocupacional e a promoção da saúde no local de trabalho.
Referência:
(1) Influence of Mutual Support on Burnout among Intensive Care Unit Healthcare Professionals
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