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Custo x benefício – Ações para prevenir infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres nos serviços de hemodiálise

Custo x benefício – Ações para prevenir infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres nos serviços de hemodiálise
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É comum que serviços de hemodiálise utilizem cateter venoso central para a realização da terapia em pacientes com disfunção renal crônica. Entretanto, apesar de oferecer vantagens como facilidade de acesso, possibilidade de utilização imediata após a inserção e o fato de não gerar dor durante o procedimento, há desvantagens como o risco de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres (1).

Um estudo randomizado em cluster (2) realizado em 37 serviços de saúde da Austrália, com foco em pacientes com doença renal crônica dialítica, buscou compreender se um conjunto de múltiplas intervenções (dentro do já conhecido conceito de Bundle) conseguem reduzir essas infecções nos pacientes submetidos à hemodiálise.

O conjunto de intervenções proposto – descrito na tabela abaixo – envolvia ações nas três fases do cateter: inserção, manutenção e remoção.

 

IBSP: Segurança do Paciente - Custo x benefício - Ações para prevenir infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres nos serviços de hemodiálise

 

Foram monitorados 6.634 pacientes (com perfil de saúde parecido) e o comparativo principal foi a taxa de infecções na fase inicial com a taxa obtida na fase de intervenção. Importante destacar que os pesquisadores entendem como infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres qualquer um dos seguintes cenários: cultura do mesmo micro-organismo na ponta do cateter e em pelo menos uma hemocultura percutânea periférica; cultura do mesmo micro-organismo em pelo menos duas amostras de sangue; ou bacteremia (na ausência de outra fonte de dados).

Com base na literatura disponível e nos dados coletados previamente, a taxa esperada de infecção era de 2,5 por 1.000 dias de cateter.

Ao final do estudo, foram confirmados 315 casos de infecção de corrente sanguínea relacionadas a cateteres, sendo 158 na fase inicial e 157 na fase de intervenção. Isso representou uma taxa de 0,21 por 1.000 dias de uso de cateter na fase inicial e 0,29 por 1.000 dias na fase de intervenção.

Esses resultados sugerem que a implementação de um pacote extra de cuidados – quando as taxas basais já são baixas – pode não contribuir, efetivamente, com a redução das taxas de infecção nos pacientes utilizando cateter venoso central para hemodiálise. Além disso, aponta que esses pacotes podem representar o aumento do uso de recursos e da complexidade dos sistemas de saúde.

Por fim, o estudo relata que a taxa de infecção foi menor que a esperada, mas mesmo assim um em cada 10 pacientes que utilizam cateter por um período de um ano apresentará, em algum momento, um quadro infeccioso.

A despeito de um resultado negativo, em que os locais que utilizaram o pacote de intervenções não tiveram menores incidências de infecção do que os locais que serviram como controle, Lucas Zambon, diretor científico do IBSP, destaca que “estamos diante de um problema do universo dos sistemas complexos”. Segundo ele, no estudo apresentado, temos sem dúvida, resultados iniciais já muito bons, e sabemos que o desafio de diminuição de infecções é maior nessa situação.

“Porém, devemos lembrar que se trata de uma intervenção de múltiplos itens, o que pode, ao invés de favorecer uma melhoria, dificultar sua aplicação na prática. É muito difícil garantir uma realização de todos os itens em 100% das situações, e a eficácia de cada um é isoladamente desconhecida em um cenário como esse. Seguindo uma lógica “Choosing Wisely”, às vezes menos é mais”, completa. Zambon também reforça que estudos focados em menos intervenções, mas que tenham maior potencial de gerar o resultado pretendido a priori, podem eventualmente se sair melhores no futuro.

Referências: 

(1) Infecção da corrente sanguínea relacionada a cateter venoso central para hemodiálise: revisão integrativa

(2) Multifaceted intervention to reduce haemodialysis catheter related bloodstream infections: REDUCCTION stepped wedge, cluster randomised trial

 

 

 

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