Dados foram divulgados pela Anvisa junto à publicação do Relatório da Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente
No início de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o Relatório da Avaliação Nacional das Práticas de Segurança do Paciente realizado junto a 1.258 hospitais com unidades de terapia intensiva espalhados pelo país.
O documento, que está disponível on-line, é gerado a partir da participação voluntária dos Núcleos de Segurança do Paciente e aponta dados importantes para a percepção da qualidade da assistência no país.
Da amostra, 59% eram hospitais de natureza privada e quase 80% tinham até 199 leitos e o objetivo da Agência, ao divulgar o relatório, é permitir que essas unidades de saúde possam observar seus resultados e, assim, buscar melhorias.
Um detalhe merece ser destacado. De todos os participantes, 113 hospitais contaram com uma avaliação in loco. Essa etapa mostrou que, em boa parte dos critérios, houve uma divergência considerável entre o que foi relatado e o que foi observado pelo avaliador.
No indicador que trata da implantação do protocolo de identificação do paciente, por exemplo, a diferença foi bastante significativa.
Critérios mais e menos preocupantes apontados pelo relatório de segurança
Os indicadores mais preocupantes, ou seja, que apresentaram maior número de não conformidade entre as unidades de saúde avaliadas foram Implantação do protocolo para prevenção de infecção do sítio cirúrgico; Implantação do Plano de Segurança do Paciente; e Implantação do Protocolo para prevenção de infecção do trato urinário relacionado ao uso de cateter (sonda) vesical de demora.
Em contrapartida, critérios como Regularidade do Monitoramento Mensal de Indicadores de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS); Regularidade da notificação mensal de consumo de antimicrobianos em UTI adulto; e Conformidade do consumo de preparação alcoólica para higiene das mãos foram muito bem avaliados com altas taxas de conformidade.
Como estratégia para melhoria da conformidade nesses critérios, ainda em 2024 a Anvisa em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) disponibilizará protocolos nacionais e revisará manuais de segurança e qualidade.
Comparativo ano a ano
De todos os participantes em 2023, 1.061 tinham também participado em 2022, o que permitiu uma comparação dos resultados mais eficaz para avaliação da melhoria.
E o resultado foi positivo: todos eles apresentaram aumento (de 61,2 para 66,1) na proporção de critérios em conformidade e natural redução (de 8.531 para 7.493) nas não conformidades no período.
De forma geral, analisando o percentual de conformidade entre os critérios avaliados desde 2017, nem todos seguiram uma linha continuamente ascendente de melhoria.
Alguns deles sofreram quedas seguidas por recuperação nesse meio tempo — a exemplo da implantação de protocolos para prevenção de pneumonia associada ao uso de ventilação mecânica — enquanto outros, como avaliação do risco de queda e aplicação da lista de verificação da segurança cirúrgica, foram melhorando de forma contínua desde então.
Para que esse comparativo seja a cada ano mais relevante e para que os números de fato espelhem a realidade do país, a Agência vem trabalhando com a sensibilização das unidades de saúde para participarem da avaliação. Neste sentido, Karina Pires, Diretora de Novos Negócios do IBSP, ressalta que:
A qualificação dos dados é uma etapa essencial para garantir a confiabilidade das informações geradas pelos indicadores. Quando pensamos no ambiente de UTI, essa questão fica ainda mais relevante, portanto precisamos entender como a adequação de recursos interfere no resultado da assistência prestada ao paciente crítico. A Consultoria MAIS IBSP, por exemplo tangibiliza essa visão por meio da análise das intervenções multidisciplinares.
A meta, para este ano, era que 80% das unidades que atendem aos critérios de inclusão participassem, porém, o percentual chegou apenas a 66%.
De todos os estados, 13 conseguiram atingir a meta, mas com a baixa adesão de locais como Amapá, Mato Grosso e São Paulo, que não atingiram 40% de adesão, a média geral foi puxada para baixo.
Referência
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