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Hospitais com bom ranking de qualidade produzem resultados melhores para os pacientes?

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Na Suécia, estudo avalia se ranking de qualidade entre os hospitais têm associação direta com taxas de morbidade e mortalidade 

Tendo, em mãos, um índice de qualidade hospitalar que reúne um número relevante de serviços de saúde, seria possível traçar uma associação entre esse índice e os desfechos dos pacientes? De acordo com um estudo realizado na Suécia (1), essa correlação nem sempre pode ser crível. 

Ao avaliar todos os pacientes hospitalizados com síndrome coronariana aguda nos 69 hospitais que atendem à especialidade durante dois períodos, entre 2006 e 2010 e entre 2015 e 2017, os pesquisadores chegaram à conclusão de que nem sempre essa classificação pode ser associada a desfechos como mortalidade e morbidade. 

Para a análise, é importante destacar que todos os hospitais que cuidam de pacientes com síndrome coronariana aguda na Suécia têm financiamento público e, portanto, são obrigados a compartilhar seus dados com o Registro de Informações e Conhecimento sobre Admissões em Terapia Intensiva Cardíaca do país. Porém, por mais que esse banco seja bastante completo, é importante destacar um viés, pois ele não contabilizar dados como fatores de risco, que impactam diretamente o prognóstico dos pacientes. 

Outro detalhe é que a Suécia disponibilizava um ranking de qualidade desses hospitais baseado em nove indicadores avaliados em três notas (zero, 0,5 e 1 ponto). Porém, em 2011, o índice foi reformulado, passou a considerar pacientes com 80 anos ou mais (que anteriormente eram excluídos), e recebeu o nome de Swedeheart, incluindo dois novos critérios e permitindo uma nota máxima de 11 pontos. 

Retornando ao estudo, foram considerados três desfechos principais: readmissão hospitalar, marcador de doença arterial coronariana e mortalidade por todas as causas. 

E, apesar da incidência da síndrome coronariana aguda diminuir ao longo do período do estudo, os pesquisadores não conseguiram encontrar correlações significativas entre o índice de qualidade hospitalar e a taxa de mortalidade. Também não foi descoberta associação relevante entre esse índice e as taxas de readmissão, o que condiz com outro estudo anterior realizado nos Estados Unidos que atestou baixa evidência de correlação entre esses dois indicadores. 

Em paralelo, em média, os hospitais melhoraram suas pontuações de qualidade ao longo do estudo, o que sugere o investimento em medidas de desempenho e na qualidade dos cuidados, mas também pode significar mudança na forma como a pontuação foi calculada ou alterações nas notificações. 

Por fim, o que o estudo conclui é que apesar de entender que promover essa classificação pode, por meio da competição, estimular os serviços de saúdem a buscarem melhorias, a falta de associações relevantes entre ela e os desfechos mostra que o sistema de avaliação precisa ser melhorado. 

Segundo análise do Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP:

É importante termos senso crítico quando falamos de qualidade na saúde, seus selos e certificações. A forma como medimos nem sempre será adequada para refletir resultados diretos aos pacientes. Medir, por exemplo, aquilo que enxerga estrutura e processos, é importante. Mas resultados diretos ao paciente é que de fato contam. E estes nem sempre são consistentes.


Cenário privado brasileiro em termos de avaliação de qualidade 

No Brasil, a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), que têm 127 membros totalizando 7.972 leitos de UTI e mais de 11 milhões de atendimentos no pronto-socorro somente em 2022, tem, como prática, divulgar anualmente os indicadores de desempenho de seus associados para estimular as discussões sobre qualidade em saúde e incentivar os pacientes a buscar informações sobre os serviços que estão disponíveis (2). 

Entre os indicadores de qualidade hospitalar utilizados estão média de permanência, taxa de mortalidade, taxa de parto, infecção, quedas, lesão por pressão e erros de medicação. Porém, esses dados não são divulgados de forma individualizada por serviço hospitalar, mas sim compilados em taxas gerais que mostram um amplo cenário da saúde suplementar no país. 

Em paralelo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) conta com o Sistema de Indicadores Hospitalares (3), uma plataforma que, desde 2021, coleta dados para avaliar a qualidade dos hospitais que atuam no setor de planos de saúde no país.  

São reunidos indicadores de efetividade (como taxa de partos vaginais, de readmissão não planejada, de mortalidade institucional e de infecção), de eficiência (como tempo médio de internação, média de permanência na emergência e tempo de espera até o primeiro atendimento), e de segurança (como eventos sentinela e taxas de queda com dano). 

Assim como na avaliação da Anahp, os dados não são públicos, mas cada hospital participante consegue acessar o sistema, visualizar seus resultados e compará-los com os resultados da média dos demais e com a média do grupo de hospitais de excelência. 

Referências

(1) Lack of associations between hospital rating and outcomes in patients with an acute coronary syndrome  

(2) Observatório Anahp 2023 

(3) Sistema de Indicadores Hospitalar da ANS 

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