Modelo de operação da saúde do Rio de Janeiro é baseado na padronização de processos

Conheça o modelo de gestão da RioSaúde, implementado em 2014, reconhecido por ser moderno e ter nível de satisfação acima dos 90%

A Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro, a RioSaúde, atualmente tem cerca de 800 colaboradores, recebe 50 mil pacientes por mês em quatro unidades municipais de emergência no Rio de Janeiro.

O Portal IBSP entrevistou o diretor-presidente da RioSaúde Ronald Munk, 59 anos, para saber como é o modelo de gestão que tem sido muito bem reconhecido pelas boas práticas operacionais.

IBSP – A RioSaúde ficou conhecida pela excelência operacional no serviço público. Pode contar um pouco desta experiência?
Ronald Munk – Começamos a operação em novembro de 2014, quando assumimos a Coordenação de Emergência Regional (CER) da Barra da Tijuca. Estudamos muito sobre gestão moderna e experiências na saúde e tínhamos muita vontade de fazer diferente. Uma das nossas crenças é que se pode melhorar sempre. Com nossos colaboradores, avançamos e padronizamos o que dava certo. O resultado é que, hoje, menos de três anos depois, temos mais de 1,2 milhão de pacientes acolhidos, um nível de satisfação medido mensalmente que, há 11 meses, está sempre acima dos 90%. E tudo isso com menos dinheiro do que o planejado. Nossas contas são auditadas pela Controladoria Geral do Município que, além de verificar os demonstrativos financeiros, observa também se cumprimos os procedimentos legais do Governo. No último ano, fomos o único órgão municipal a ter nota máxima nessas auditorias, sem uma recomendação de ajuste sequer.

IBSP – Como funciona o modelo de gestão da RioSaúde? O foco é atuar em três pilares – Estratégia, Cultura e Ferramentas? Como atuam e o que fazem em cada um deles?
Ronald Munk – O nosso modelo de gestão norteia as ações de nossos colaboradores próprios e também os terceirizados que atuam em nossas unidades. É um modelo de fácil absorção, e os resultados já são comprovados na prática.

Basicamente, cada pilar se desdobra em três elementos: dentro de Estratégia, temos Atender a demanda com Qualidade; Aumentar a Satisfação de pacientes, acompanhantes e colaboradores; e Gerir os custos. Dentro de Cultura, temos Atitude de Dono, Melhoria Contínua e Disciplina Operacional; e dentro de Ferramentas, temos Processos Padronizados, Treinamento e Tecnologia da Informação.

IBSP – Qual o maior desafio da RioSaúde?
Ronald Munk – O maior desafio de qualquer organização é manter sua cultura viva, renovada e relevante para o propósito a que serve. No governo, temos o desafio de fazer isso com frequentes mudanças nos quadros políticos. E na saúde, o desafio adicional de provocar mudanças na forma de trabalho, muitas vezes enraizadas há anos ou séculos. E, como sabemos, toda mudança gera desconfortos e resistências.

IBSP – Um modelo de gestão eficaz também deve estar baseado em qualidade e segurança do paciente?
Ronald Munk – Certamente, tanto é assim que a qualidade está lá no nosso modelo de gestão e temos um núcleo da qualidade ligado diretamente à Presidência. Nossa operação se caracteriza por se organizar em processos padronizados. Ou seja, definimos uma maneira de trabalhar, com base em estudos, mas também na opinião de quem executa a atividade, e treinamos todos os colaboradores nesses processos. Acreditamos que trabalhar de forma padronizada é fundamental para melhorar a segurança do paciente.

IBSP – Quais os planos da RioSaúde para oferecer maior segurança ao paciente?
Ronald Munk – Acabamos de criar um programa específico para a segurança do paciente, liderado pela coordenação de enfermagem e pelo Núcleo de Qualidade. Introduzimos também alguns indicadores que irão permitir acompanhar melhor nossos esforços nesse sentido, por exemplo: índice de reversão de parada cardiorrespiratória e o sistema de medição Apache.

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