Instituições com Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) implementados conseguem impactar positivamente o número de infecções relacionadas à assistência à saúde? Um estudo (1) realizado em hospitais de Natal, capital do Rio Grande do Norte, fez essa análise.
Doze hospitais (públicos, privados e filantrópicos) foram envolvidos na pesquisa e em nove deles houve a implementação do NSP. A percepção de correlação entre o núcleo e as infecções foi obtida por entrevistas com enfermeiros, técnicos administrativos, técnicos de enfermagem, médicos, farmacêuticos e fisioterapeutas, todos eles atuando diretamente com o controle de infecções.
A conclusão? Os profissionais entrevistados têm em sua percepção que há relação direta entre a implementação do NSP e o melhor controle das infecções. Este fato é interessante considerando que a existência de comissões de controle de infecção hospitalar (CCIH) precede a existência dos Núcleos de Segurança do Paciente. Lucas Zambon, diretor científico do IBSP, destaca que a incorporação dos núcleos acaba agregando uma nova visão aos serviços. “Em muitos locais, o NSP agrega ferramentas de análise de incidentes e monitoramento de melhorias de forma multiprofissional e interdepartamental, o que potencializa o trabalho que as CCIH precisam desempenhar. Essa sinergia é fundamental para melhoria das IRAS”, destaca ele que é médico.
Obviamente, os núcleos implementados não focaram suas ações apenas nas IRAS, implementando uma série de protocolos como:
- Identificação do paciente
- Higiene das mãos
- Prevenção de quedas
- Segurança cirúrgica
- Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos
- Prevenção de lesões por pressão
Porém, algumas observações devem ser feitas. Além da implementação dos protocolos, os NSP investiram em atividades de capacitação dos profissionais de saúde, o que também contribuiu para a melhoria da cultura de segurança na instituição.
Outro ponto relevante é que os hospitais adotaram estratégias do Plano de Segurança do Paciente em níveis diferentes. Enquanto identificação, análise, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos de forma sistemática e prevenção e controle de eventos adversos (incluindo infecções relacionadas à assistência) foram adotados por mais de 66% dos locais, a manutenção do registro adequado de órteses e próteses foi declarado por somente 22,3% dos serviços consultados. Obviamente é preciso lembrar que essa estratégia está direcionada a determinados serviços de saúde, não necessariamente a todos.
Durante o processo, os pesquisadores também identificaram dificuldades estruturais como escassez de profissionais para compor as comissões, sobrecarga de trabalho, falta de equipamentos e insumos e falta de adesão das equipes às mudanças de conduta.
Por fim, o mais importante é observar que o estudo comprova que a aplicação de protocolos assistenciais e processuais são ótimas medidas para reduzir custos e minimizar danos, pois padronizam os processos de trabalho e, com isso, também diminuem os desperdícios.
Além disso, é relevante recordar que, após a publicação da RDC nº 36, essas organizações de saúde passaram a ser obrigadas a criar e instituir o núcleo a fim de melhorar a segurança dos pacientes. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que os núcleos sejam formados por profissionais da área assistencial, mas também da não assistencial.
Referência:
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