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A complexidade da Segurança do Paciente no monitoramento fetal intraparto

A complexidade da Segurança do Paciente no monitoramento fetal intraparto
A complexidade da Segurança do Paciente no monitoramento fetal intraparto
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A segurança no monitoramento eletrônico fetal intraparto é essencial na obstetrícia, exigindo melhorias tecnológicas, treinamento contínuo e uma cultura organizacional de segurança

A segurança no monitoramento eletrônico fetal (MEF) intraparto é um tema crítico na obstetrícia, pois o MEF intraparto é uma prática que pode ajudar a reduzir eventos adversos nos cuidados obstétricos.

Esforços para melhorar essa área geralmente focam no treinamento individual de profissionais na interpretação de traçados de cardiotocografia, mas têm impacto limitado na melhoria geral dos cuidados.

Um estudo realizado no Reino Unido abordou as dificuldades inerentes ao uso eficaz do MEF, combinando análises de fatores humanos/ergonomia (HF/E) e ciências sociais para entender melhor os desafios e influências que afetam a segurança e a eficácia dessa prática.

Contexto do Estudo sobre Monitoramento Fetal Intraparto

O estudo fez parte do programa IMMO (Improving the practice of intrapartum electronic fetal heart rate Monitoring with cardiotocography for safer childbirth), que busca aprimorar a prática do MEF para um parto mais seguro.

A metodologia seguiu os padrões para relatórios de pesquisa qualitativa, incluindo observações e entrevistas em três unidades de maternidade no Reino Unido, selecionadas com base no tamanho e localização. As unidades variavam de pequenas (menos de 2000 nascimentos/ano) a grandes (mais de 5000 nascimentos/ano).

Como foi feito

Os dados foram coletados entre abril de 2019 e março de 2020 por um especialista em fatores humanos e um cientista social experiente. As observações focaram na sala de parto, além de unidades de avaliação e enfermarias pré-natais.

Foram conduzidas entrevistas com profissionais de saúde, como parteiras e médicos, para capturar uma ampla gama de experiências e perspectivas.

A análise dos dados utilizou o modelo SEIPS 2.0 (Systems Engineering Initiative for Patient Safety), que descreve como pessoas, tarefas, tecnologia, estrutura organizacional, ambiente e influências externas interagem dentro dos sistemas de trabalho.

Esse modelo foi combinado com métodos qualitativos de ciências sociais para aprofundar o entendimento das características culturais e organizacionais dos ambientes de trabalho.

Resultados

Os resultados mostraram que o sistema de MEF é influenciado por uma série de fatores complexos e inter-relacionados:

  1. Componentes do Sistema de Trabalho: as interações entre os componentes físicos, cognitivos e sociais/comportamentais afetam os resultados para pacientes e profissionais de saúde. Essas interações podem levar a resultados desejáveis ou indesejáveis, com efeitos imediatos ou a longo prazo;
  2. Fatores Humanos e Tecnológicos: as tecnologias de MEF, embora projetadas para aumentar a segurança do paciente, podem introduzir novas formas de risco. Problemas como alarmes falsos e dificuldades na interpretação dos dados são comuns;
  3. Cultura Organizacional e Práticas Profissionais: a cultura e as práticas dentro das unidades de maternidade afetam significativamente como o MEF é implementado e utilizado. Há variações na forma como os diferentes profissionais percebem e respondem aos sinais do MEF, influenciadas por treinamento, experiência e ambiente de trabalho;
  4. Feedback e Ajustes: os profissionais e organizações ajustam continuamente suas práticas com base em resultados anteriores. Este processo de feedback é crucial para a melhoria contínua, mas também pode ser fonte de frustração e burnout, especialmente quando os sistemas não suportam adequadamente os profissionais.

Implicações para a Prática

Para melhorar a segurança no MEF, o estudo sugere várias intervenções:

  • Aprimoramento das Tecnologias: melhorar a interface e a usabilidade das tecnologias de MEF para reduzir alarmes falsos e facilitar a interpretação dos dados;
  • Treinamento e Educação Continuada: oferecer treinamento contínuo para todos os profissionais envolvidos no uso do MEF, focando não apenas nos aspectos técnicos, mas também nas habilidades de comunicação e tomada de decisão;
  • Cultura de Segurança: promover uma cultura organizacional que valorize a segurança e o apoio mútuo entre os profissionais, criando um ambiente onde todos se sintam capacitados a falar e agir em prol da segurança do paciente.

Aprendizados Importantes

A segurança do paciente no monitoramento eletrônico fetal intraparto é um desafio multifacetado que requer uma abordagem integrada, combinando análises de fatores humanos, ergonomia e ciências sociais.

Os sistemas de trabalho de monitoramento fetal podem falhar na prática, com grandes lacunas entre o trabalho como imaginado e como realmente é realizado.

Melhorar a segurança do paciente nesta área não depende apenas de tecnologias melhores. Atualizações em documentos de protocolos ou mais treinamentos, por si só, também não são suficientes para melhorar o monitoramento eletrônico fetal.

São necessárias mudanças culturais e organizacionais que apoiem os profissionais de saúde na prestação de cuidados de alta qualidade.

Para mais detalhes, consulte o estudo publicado no BMJ Quality & Safety.

Referência

Why is safety in intrapartum electronic fetal monitoring so hard? A qualitative study combining human factors/ergonomics and social science analysis

por Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP

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