Pacientes hospitalizados – principalmente por longos períodos – estão sujeitos a condições que afetam o conforto e o bem-estar, piorando inclusive o quadro clínico. Uma dessas condições que precisa ser trabalhada diariamente pelas equipes de enfermagem é a DAI – Dermatite Associada à Incontinência.
Inflamação da pele perineal ou perigenital devido ao contato com urina ou fezes, a DAI se apresenta em lesões avermelhadas com ou sem erupções cutâneas, erosão da epiderme e aparência macerada (1). Desenvolve-se sem predileção por idade, sexo ou condição social.
Estudo publicado em 2017 pelo departamento de urologia da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, analisou a prevalência de DAI entre pacientes com incontinência (2). A amostra contou com 5.342 pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva de 189 hospitais norte-americanos, sendo que 46,6% tinham incontinência de fezes, de urina ou de ambas.
Entre os pacientes com qualquer tipo de incontinência, a taxa de prevalência de DAI foi de 45,7% (a taxa geral de prevalência era de 21,3%) e a condição foi adquirida pelos pacientes durante o curso hospitalar em 73% dos casos analisados. Avaliando o nível dessas dermatites, o estudo revelou que mais da metade foram classificadas como leve (52,3%) enquanto 27,9% foram apontadas como moderada e 9,2% como grave. Outro ponto importante de destacar foi que 14,8% dos pacientes com DAI também apresentaram erupção cutânea por fungos.
A pesquisa reforça, inclusive, que pacientes que apresentam apenas incontinência urinária têm menos propensão de desenvolver DAI do que os pacientes com incontinência fecal ou com ambas as incontinências.
Além disso, a análise revela que a presença de DAI e a imobilidade estão associadas à maior probabilidade de o paciente desenvolver lesões por pressão na área sacral: a prevalência dessas lesões entre os indivíduos com incontinência foi de 17,1% e pacientes imóveis tinham quase 3,5 vezes mais chances de apresentar a condição.
>> Lesão por pressão: como estruturar um programa completo
Para a enfermagem: quais os cuidados para prevenção e tratamento de DAI em pacientes adultos?
Uma revisão integrativa (1) publicada pela UFC (Universidade Federal do Ceará) em parceria com o Hospital Geral de Fortaleza e divulgada pela SOBEST (Associação Brasileira de Estomaterapia) identificou os principais cuidados direcionados à prevenção e tratamento de dermatite associada à incontinência em adultos e idosos. Foram analisadas diversas bases de dados entre 2007 e 2017. Entre os pontos mais apontados estão:
- Gerenciamento da umidade;
- Troca frequente e escolha adequada das fraldas;
- Limpeza suave da pele com água e sabão;
- Aplicação de produtos barreiras à base de petrolato, dimeticona, óxido de zinco ou polímero de acrilato;
- Pomadas terapêuticas dexpantenol, zinco ou antimicóticos;
- Observação diária da região perineal e perigenital para identificação precoce de alterações e erradicação de infecções de pele com medicação antifúngica.
O estudo também aponta ser importante estimular a educação continuada para que as equipes de enfermagem estejam sempre em dia com as melhores práticas e diretrizes internacionais. Além disso, sugere ferramentas para categorização a fim de facilitar o diagnóstico adequado da dermatite associada à incontinência e diferenciá-la de lesão por pressão estágio II. O intuito principal é manter uma prática baseada em evidências.
Contribuindo com esses protocolos, a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) disponibiliza, na Internet, um Procedimento Operacional Padrão (3) elaborado pela Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas que define a dermatite associada à incontinência e apresenta as principais condutas para tratamento.
Segundo o documento, a equipe de enfermagem deve utilizar luva de procedimento, água morna, sabão líquido neutro, toalha macia e creme barreira para avaliar a pele do paciente e manejar a umidade buscando manter o paciente seco e sua pele hidratada. O documento indica que a avaliação do risco seja feita diariamente. Confira AQUI todas as recomendações detalhadas.
Referências:
- Cuidados com Dermatite Associada a Incontinência: Uma Revisão Integrativa
- Incontinence-Associated Dermatitis, Characteristics and Relationship to Pressure Injury
- Procedimento Operacional Padrão – Prevenção de Dermatite Associada à Incontinência
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