Cientes de que os efeitos das radiações ionizantes no corpo humano dependem basicamente da dose absorvida, do tempo de exposição e da extensão do corpo exposta, os profissionais de saúde que atuam cotidianamente no setor de diagnóstico por imagem, tanto em clínicas quanto em hospitais, precisam garantir todos os protocolos de segurança a fim de se manterem saudáveis durante a execução de suas atividades.
Quem é exposto diariamente a baixas doses de radiação sem proteção somente começará a apresentar sintomas tardiamente, o que impede uma ação imediata e justifica a necessidade de o assunto ser constantemente debatido como extremamente relevante para preservar a saúde dos trabalhadores. Entre as consequências dessa exposição contínua e prolongada estão o maior risco de desenvolvimento de câncer – principalmente imunológico e hematológico – e mutações nas células reprodutoras que podem impactar futuras gerações daquele indivíduo (1).
Por esse motivo a educação contínua sobre a radioproteção, que visa a prevenção dos danos provocados por radiações ionizantes, é fundamental. Até porque o desconhecimento surge como um risco tanto ao profissional quanto aos pacientes.
Estudo realizado no Brasil (1), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) em conjunto com a Universidade Paulista, analisou o conhecimento dos profissionais de saúde sobre proteção radiológica e implementação de ações educativas na busca pela criação de um ambiente seguro tanto para os trabalhadores quanto para pacientes e acompanhantes.
No total, 59 profissionais atuantes nos setores de hemodinâmica, imagem, UTI adulto e neonatal, pediatria, centro cirúrgico, enfermaria, limpeza e engenharia clínica de um hospital de ensino, responderam aos questionários para avaliação de conhecimento. A maioria dos respondentes era da enfermagem.
O resultado da primeira pergunta já acende um sinal de alerta. Quando questionados sobre “o que significa proteção radiológica ou radioproteção”, apenas 34% indicaram respostas alinhadas com o conceito que é considerado correto. Além disso, 17% optaram por não responder.
No questionário também havia uma pergunta para compreender se a formação profissional desses trabalhadores tinha abordado o tema de radioproteção e o fato de que a maioria dos respondentes afirmou não ter sido habilitada, durante o curso, a ter atitudes de radioproteção, leva a comunidade de saúde a compreender que é necessário alterar o currículo desses cursos para inserir essa disciplina e investir em educação continuada para que esses profissionais tenham todas as ações inerentes à auto proteção.
Outro estudo, dessa vez realizado na Finlândia (2), mostra que não é só o Brasil que precisa investir em conhecimento dos profissionais de saúde no que tange à radioproteção. Porém, há uma diferença entre a lacuna existente entre nós, brasileiros, e a falha de conhecimento dos finlandeses.
Na ocasião, enfermeiros de oito hospitais locais foram convocados e responderam perguntas sobre radiação, proteção contra a radiação e o uso seguro de radiação ionizante. Porém por lá, os profissionais mostraram bons conhecimentos sobre como se proteger durante as atividades com radiação, porém não tinham tanta expertise técnica sobre a radiação em si.
Assim, o estudo conclui que mesmo com conhecimento elevado sobre proteção, a falta de conhecimento nos outros campos impacta a segurança tanto dos profissionais quanto dos pacientes e acompanhantes, o que força o setor a investir no fornecimento de educação continuada a todos que trabalham na área e estão expostos à radiação em seu cotidiano.
Referências:
(1) Proteção radiológica na perspectiva dos profissionais de saúde expostos à radiação
(2) Nurses’ knowledge of radiation protection: A cross-sectional study
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