O zinco é um oligoelemento vital para o crescimento, a diferenciação celular, a transcrição gênica, funções hormonais e imunológicas. É absorvido no trato gastrointestinal superior e o organismo humano não conta com uma reserva dedicada, ou seja, quando há ingestão excessiva ou reduzida, há uma regulação por meio da absorção gastrointestinal, eliminação pelas fezes e urina, ou retenção por tecidos.
Esse é um fator importante ser observado no nascimento de bebês prematuros, pois 60% da absorção de zinco ocorre no último trimestre de gestação, o que leva esses bebês a ter uma reserva menor desse elemento do que aqueles nascidos a termo e a amamentação pode não ser suficiente para suprir essa carência.
Dessa forma, deve-se sempre considerar esse risco e os principais sintomas envolvem baixo crescimento mesmo com ingestão calórica suficiente, dermatite e aumento da suscetibilidade a infecções. Porém, há deficiência de zinco assintomática, mais difícil de diagnosticar.
Uma revisão sistemática (1) publicada pela Cochrane Library avalia se a suplementação enteral de zinco, em comparação com o placebo ou com nenhuma suplementação, traz resultados importantes para bebês prematuros. Foram observadas interferências na mortalidade, no neurodesenvolvimento, no crescimento e em algumas morbidades comuns.
Foram incluídos cinco ensaios que envolvem um total de 482 bebês prematuros (com menos de 37 semanas de gestação), baixo peso ao nascer (menos de 2,5kg), encaminhados à UTI Neonatal ou a uma unidade de cuidados especiais. Foram excluídos do estudo bebês que passaram por cirurgias gastrointestinais, bebês com má formação gastrointestinal ou condições que levam a perdas anormais de sucos gástricos que contenham altos níveis de zinco (como estomas, fístulas e diarreias disabsortivas). Importante lembrar que o número de participantes não é muito extenso e que, portanto, há necessidade de interpretação ainda mais cautelosa dessa revisão.
A análise considera qualquer suplementação por via enteral, independentemente de formulação, regime ou dose, iniciada a qualquer momento após o nascimento e persistente até a alta hospitalar. Todos os estudos envolvidos utilizaram a suplementação por mais de quatro semanas, sendo que houve variação entre diferentes formatos como sulfato de zinco adicionado à fórmula infantil padrão; zinco em uma preparação multivitamínica; zinco em suplementos na forma de gluconato de zinco, entre outros. Lembrando que também foram envolvidos estudos que utilizaram placebo e estudos que não adicionaram nenhuma suplementação de zinco às administrações.
Como resultado, sugere-se que a suplementação enteral de zinco em bebês prematuros hospitalizados pode diminuir a mortalidade por todas as causas; melhorar o ganho de peso e pode melhorar, mesmo que ligeiramente, o crescimento. Em paralelo, a revisão aponta que há pouco ou nenhum efeito no crescimento da cabeça dos bebês e nas morbidades comuns como, por exemplo, a displasia broncopulmonar, sepse bacteriana, enterocolite necrotizante ou retinopatia da prematuridade. Importante enfatizar que a revisão relata que não há dados sobre o efeito de longo prazo da suplementação de zinco no crescimento e no neurodesenvolvimento. Quanto a efeitos adversos, não foram relatados incidentes clinicamente relevantes, o que leva à percepção de que a suplementação é segura.
Dia Mundial da Segurança do Paciente – Cuidado Materno e Neonatal Seguros
O Dia Mundial da Segurança do Paciente é comemorado em 17 de setembro e, para 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que o tema a ser trabalhado é “Cuidado materno e neonatal seguros”.
Dentro dessa vertente, a Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp) lançou a Aliança para o Parto Seguro e Respeitoso, uma união de mais de 30 entidades – entre elas o Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) – na busca pela redução da mortalidade materna e neonatal e pela garantia dos direitos básicos para o parto e o nascimento seguros no nosso país.
Contribuindo com a disseminação de conhecimento técnico-científico sobre diretrizes, protocolos e boas práticas que garantem a segurança tanto da mãe quanto do bebê ao nascer, o IBSP publicará durante todo o mês de setembro, matérias relativas a essa temática. Para acessar todos os conteúdos já publicados, clique AQUI.
Referências:
(1) Enteral zinc supplementation for prevention of morbidity and mortality in preterm neonates
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