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Podemos administrar vasopressores por via intravenosa periférica?

Podemos administrar vasopressores por via intravenosa periférica?
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A utilização de acesso venoso periférico para administração de drogas vasoativas vem sendo constantemente debatida como alternativa ao risco de infecções geradas pela utilização do cateter venoso central. Porém, há muitos questionamentos sobre a segurança dessa ação, já que o extravasamento da solução pode causar lesão tecidual.

A fim de trazer respostas, um estudo (2) monitorou, ao longo de 20 meses, a infusão de norepinefrina, dopamina e fenilefrina em uma unidade de terapia intensiva. Foram acompanhados 734 pacientes que, no total, receberam essas medicações 783 vezes.

Em 2% dos casos, houve extravasamento do acesso intravenoso periférico durante a administração, porém em nenhum caso houve lesão tecidual já que as equipes utilizaram fentolamina com pasta de glicerina para mitigar danos. Além disso, 13% dos pacientes acabaram sendo submetidos ao acesso venoso central.

Dessa forma, o estudo conclui que a administração dessas medicações vasopressoras por acesso intravenoso periférico é viável e segura e que as equipes não precisam considerar obrigatória a colocação de acesso venoso central nos casos em que o paciente precisa fazer uso desses medicamentos.

Paralelamente, uma revisão sistemática (1) publicada no The American Journal of Emergency Medicine em novembro de 2020 avaliou a literatura existente a fim de compreender quais as complicações em decorrência da infusão de vasopressor por meio de cateter venoso periférico, uma alternativa ao risco de infecções geradas pela utilização de cateter venoso central.

Na ocasião, após analisar estudos que envolviam quase 2 mil pacientes, a busca notou baixa prevalência de complicações como resultado direto da infusão desses medicamentos por meio de cateter venoso periférico.

Agora, mais recentemente, em abril de 2021, uma nova revisão sistemática (3) – envolvendo pacientes adultos e pediátricos listados em 23 estudos – fez a mesma análise e também concluiu que a incidência de eventos adversos associados à administração de vasopressores por cateter intravenoso periférico é baixa: 1,8% nos adultos e 3,3% nas crianças.

O que deve ser observado, então, na hora de decidir qual a melhor via de administração de vasopressores?

O documento “Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde” (4), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) traz as recomendações para a inserção do cateter venoso periférico e destaca sete tópicos principais. Estar atento a esses tópicos reflete em qualidade da assistência e segurança do cateter inclusive para a administração de vasopressores. São eles:

  1. Higiene das mãos
  2. Seleção do cateter e sítio de inserção
  3. Preparo da pele
  4. Estabilização
  5. Coberturas
  6. Flushing e manutenção do cateter periférico
  7. Cuidados com o sítio de inserção

Por fim, é importante sempre priorizar o tratamento, ou seja, não atrasar a administração do medicamento vasopressor caso não haja um acesso venoso central. De acordo com a literatura, é seguro fazer a medicação pelo acesso periférico. Nosso diretor científico, Lucas Zambon, destaca que há uma cultura de uso de acessos venosos centrais para uso de drogas vasoativas, mas evidências nos ajudam a modificar a prática, como no caso do uso dos acessos periféricos.

Ainda segundo ele, “é importante que a prática seja orientada por um protocolo que seja criado de forma multiprofissional, envolvendo médicos, equipe de enfermagem e farmacêuticos. O protocolo deve trazer ações de prevenção e mitigação de extravasamento de drogas vasoativas para que de fato o paciente esteja bem gerenciado neste aspecto”.

Referências:

(1) Complication of vasopressor infusion through peripheral venous catheter: A systematic review and meta-analysis

(2) Safety of peripheral intravenous administration of vasoactive medication

(3) Adverse events associated with administration of vasopressor medications through a peripheral intravenous catheter: a systematic review and meta-analysis

(4) Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

 

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