Crianças pequenas não têm capacidade de relatar possíveis eventos adversos, o que aumenta a probabilidade de eventos adversos no PS de pediatria
Tratar de crianças não é tarefa simples. Na correria de um pronto-atendimento, pode se tornar desastroso se a equipe multiprofissional não estiver atenta e focada no paciente. Isso porque os cuidados específicos de segurança do paciente na ala pediátrica têm diferenças vitais.
“Deve haver maior cuidado com cálculos das dosagens, que são sempre individualizadas, além da diluição e velocidade de infusão de medicamentos, visto que muitos medicamentos usados por via endovenosa não estão disponíveis em apresentação pediátrica”, diz a pediatra da clínica da Clínica Dra. Denise Lellis, a Dra. Talita Sancho, que fez especialização na Sociedade Brasileira de Pediatria, é membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (Pronto Atendimento de Pediatria – Unidade Ibirapuera) e especializada em pneumologia pediátrica pelo Instituto da Criança do HCFMUSP.
“Deve-se também lembrar que crianças menores não têm a capacidade de comunicar os possíveis efeitos adversos da medicação, havendo necessidade de estar atentos a sinais indiretos que possam indicá-los”, completa Talita.
Como evitar esses erros?
Devem ser estabelecidas normas de vigilância. Assim tais erros podem ser identificados e seus padrões e causas reconhecidos, permitindo a elaboração de um modelo de boas práticas assistenciais que possam preveni-los.
“Além disso, devem ser instituídos programas de educação permanente, protocolos assistenciais, tecnologias e sistemas de informação na pratica assistencial (com possibilidade de verificação sobre interações medicamentosas, suporte para cálculos de doses e volume para reconstituições e diluições), prescrições médicas e de enfermagem informatizadas, uso de código de barras, bombas de infusão inteligentes, além de um farmacêutico como profissional integrante da equipe multiprofissional”, diz Talita.
Gravidade
Erros de medicação na pediatria podem ser mais graves do que em adultos. Isso é um fato. Crianças apresentam características peculiares que alteram sua capacidade de absorção, metabolização e excreção de drogas. “Além disso, crianças mais novas não têm a capacidade de comunicar possíveis efeitos adversos que a medicação possa desencadear”, diz a médica.
Confira os principais pontos para evitar eventos adversos em pediatria.
Medicação – o que levar em conta
A medicação em pediatria deve levar em conta idade, peso, superfície corpórea, condição clínica, passado de alergias e efeitos colaterais das medicações. É importante o pediatra checar idade e peso sempre, que são dados fundamentais para tal prescrição.
Administração do remédio
Erros de medicação acontecem, uma vez que a forma mais comum de atuação no tratamento do doente é a utilização do medicamento. O processo de administração do remédio é multidisciplinar e o erro pode acontecer em uma ou mais etapas do mesmo.
Principais erros
Erros mais comuns incluem dose de medicamento, não administração de dose prescrita, administração de medicamento errado (que podem ocorrer tanto em ambiente intra-hospitalar quanto extra-hospitalar), velocidade de infusão errada. As classes mais comuns de medicamentos associadas a erros em pediatria são os analgésicos opioides, os antibióticos e os agentes antidiabéticos.
O que induz ao erro
Um dos principais fatores é a necessidade de cálculo individualizado da dose, envolvendo operações matemáticas em várias etapas da administração do medicamento (desde sua prescrição, até preparo, diluição e velocidade de infusão). Situações de emergência podem acarretar um risco aumentado de erro.
Apresentação pediátrica do medicamento
Além disso, como não há apresentação pediátrica de muitos dos fármacos de uso endovenoso, profissionais de saúde devem realizar práticas que permitam usar medicamentos formulados para adultos em crianças, gerando necessidade de cálculos sofisticados, nova diluição, manipulação excessiva e administração de doses muito fracionadas.
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