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Até 50% das mulheres com depressão pós-parto não são diagnosticadas

Até 50% das mulheres com depressão pós-parto não são diagnosticadas
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IBSP: Segurança do Paciente - Até 50% das mulheres com depressão pós-parto não são diagnosticadasA depressão pós-parto, uma das morbidades obstétricas graves mais comuns no mundo, chega a afetar 20% das mulheres ao longo do primeiro ano de vida do bebê1. Sem causa única definida, a situação precisa de diagnóstico precoce e certeiro para que sejam evitados prejuízos diversos tanto à saúde da mãe quanto ao desenvolvimento da criança.

Porém, um estudo realizado pelo departamento de pediatria da Faculdade de Medicina Humana da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, afirma que até 50% das mulheres com depressão pós-parto não são diagnosticadas. Afetando o vínculo entre a mãe e o bebê e interferindo negativamente na amamentação, a patologia pode prejudicar o crescimento infantil e o desenvolvimento do cérebro da criança.

O projeto1, realizado em uma clínica de atenção básica à saúde do Condado de Ingham, em Michigan (EUA), visava melhorar a triagem para depressão pós-parto em 75% utilizando uma ferramenta implementada nas visitas de todos os bebês entre dois e quatro meses de vida. Os pesquisadores seguiram as recomendações da Academia Americana de Pediatria, que publicou diretrizes2 para o cenário de depressão pós-parto em consultórios pediátricos.

Promovendo mudanças diretas na rotina da clínica para que as diretrizes fossem implementadas, o projeto concluiu que 80% dos residentes não utilizavam uma ferramenta validada para diagnóstico da depressão pós-parto. Além disso, 94% não tinham confiança sobre seus conhecimentos a respeito das diretrizes da Academia Americana de Pediatria.

Com a implementação do projeto1, em três meses a clínica atingiu uma taxa de triagem de 33%. Em seis meses, a taxa subiu para 82%.

>> Falta de rastreamento e tabu resultam em subdiagnóstico de depressão pós-parto

Fatores de risco – Disponível no portal da OMS (Organização Mundial da Saúde), um estudo3 canadense lista os principais fatores de risco para a depressão pós-parto. São eles:

Alto risco

  • Depressão ou ansiedade durante a gestação
  • Vivência recente de eventos estressantes
  • Acesso precário ao apoio social
  • Histórico de depressão

Risco moderado

  • Estresse na relação com a criança
  • Baixa autoestima
  • Neuroticismo materno
  • Difícil temperamento infantil

Baixo risco

  • Complicações obstétricas e durante a gestação
  • Atribuições cognitivas negativas
  • Mulheres solteiras
  • Dificuldades de relacionamento com o parceiro
  • Baixo nível socioeconômico

Psicose puerperal – Identificar precocemente a depressão pós-parto é fundamental para evitar caminhos ainda mais complexos para a saúde da mãe e do bebê como, por exemplo, a psicose puerperal. Patologia grave que envolve sintomas psicóticos e afetivos com risco de suicídio e infanticídio, geralmente requer internação hospitalar para maior monitoramento e controle do paciente.

Segundo dados da revisão da literatura4 realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em conjunto com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a psicose puerperal é rara, aparecendo em cerca de 0,2% das puérperas. Os sintomas costumam surgir já nos primeiros dias após o nascimento do bebê e envolvem euforia, humor irritável, logorreia, agitação e insônia, o que leva a delírios, alucinações, desorientação, confusão mental e comportamento desorganizado.

Mesmo raro, o quadro psicótico merece atenção e as instituições hospitalares precisam estar atentas aos sintomas a fim de preservar a segurança do paciente. Estudo feito na Índia com mulheres internadas com psicoses no pós-parto mostrou que 43% delas tinha ideias infanticidas.

Entre os fatores de risco para desenvolvimento de psicose puerperal estão, segundo a revisão4, primiparidade, complicações obstétricas e antecedentes pessoais e familiares de transtornos psiquiátricos. Quanto ao prognóstico, a revisão aponta que 20% chegam à remissão completa do quadro sem apresentar recorrência, porém estudos sugerem que há recorrência de novos episódios em até 37% das mulheres.

Anestesia geral e depressão pós-parto – Publicado em janeiro de 2020, um estudo5 realizado pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, traz uma análise inédita sobre a relação entre a anestesia geral durante o parto cesárea e a depressão pós-parto. Segundo os pesquisadores, a anestesia geral está associada ao aumento das chances de a mulher sofrer distúrbios depressivos no pós-operatório, levando inclusive à necessidade de hospitalização.

Foram observadas 438.204 cesarianas, sendo que 8% das mulheres desse recorte foram submetidas à anestesia geral. Dos 34.356 partos com anestesia geral, 1.158 mulheres foram diagnosticadas com depressão pós-parto grave com necessidade de hospitalização.

O estudo de coorte retrospectivo conclui que a anestesia geral – quando comparada à anestesia neuroaxial – aumenta em até 54% o risco de depressão pós-parto e em 91% a chance de ideação suicida ou lesão autoinfligida. Mesmo requerendo mais estudos aprofundados, a pesquisa publicada no periódico Anesthesia and Analgesia sugere evitar, sempre que possível, a anestesia geral em cesarianas além de indicar acompanhamento psicológico às pacientes obstétricas que forem submetidas a esse tipo de procedimento anestésico.

>> Treinar médicos para identificar e tratar a depressão pode ajudar a reduzir taxa de suicídio

IBSP: Segurança do Paciente - Até 50% das mulheres com depressão pós-parto não são diagnosticadas

Referências:

(1) Postpartum depression screening: are we doing a competent job?

(2) Incorporating Recognition and Management of Perinatal and Postpartum Depression Into Pediatric Practice

(3) Postpartum Depression: Literature Review of Risk Factors and Interventions

(4) Transtornos psiquiátricos no pós-parto

(5) Exposure to General Anesthesia for Cesarean Delivery and Odds of Severe Postpartum Depression Requiring Hospitalization

 

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