06A escassez dos equipamentos de proteção individual durante a pandemia do novo coronavírus acendeu um alerta também sobre a biossegurança nos serviços de saúde. Baseada na falta de máscaras e outros itens indispensáveis à proteção de médicos, enfermeiros e outros profissionais que estão na linha de frente dos cuidados, começaram a surgir alternativas para reaproveitamento de materiais até então descartáveis. A dúvida que fica é o quanto esses processos para reuso podem impactar a qualidade dos equipamentos a ponto de expor esses trabalhadores ao risco.
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Publicado na JAMA (1), um estudo recente compara os efeitos da esterilização com peróxido de hidrogênio e dióxido de cloro na eficiência de filtragem de máscaras cirúrgicas, N95 e KN95. A experiência foi conduzida em uma câmara de testes e, para cada máscara, cinco amostras foram testadas.
A pesquisa conclui que os diferentes processos de esterilização geram efeitos diversos na qualidade e na proteção oferecida por esses equipamentos, sendo que os processos que utilizam peróxido de hidrogênio mostraram menos resultados negativos do que as esterilizações por dióxido de cloro.
As máscaras que não passaram por nenhum processo de esterilização apresentaram eficiência média de filtragem de 97,3% nas N95, 96,7% nas KN95 e 95,1% nas máscaras cirúrgicas, dados importantes para o comparativo após o tratamento. Confira, abaixo, as porcentagens após a esterilização.
EPI | Eficiência média de filtragem | ||
Antes da esterilização | Esterilização por peróxido de hidrogênio | Esterilização por dióxido de cloro | |
N95 | 97,3% | 96,6% | 95,1% |
KN95 | 96,7% | 97,1% | 76,2% |
Máscaras cirúrgicas | 95,1% | 91,6% | 77,9% |
Assim, o estudo mostra que a esterilização por peróxido de hidrogênio mantém as máscaras N95 e KN95 com pelo menos 95% de eficiência na filtragem, porém o processo reduz bastante a proteção das máscaras cirúrgicas. Já o tratamento por dióxido de cloro reduz acentuadamente a eficiência geral tanto da KN95 quanto das máscaras cirúrgicas.
Quando observada a eficiência de filtragem por tamanho do aerossol, em todas as máscaras antes de qualquer procedimento de esterilização as taxas eram superiores a 95%. Porém, após esterilização por dióxido de cloro, a eficiência média de filtragem para partículas de aproximadamente 300 mm:
- caiu para 86,2% nas máscaras N95;
- caiu para 40,8% nas máscaras KN95;
- caiu para 47,1% nas máscaras cirúrgicas.
É importante reforçar que o estudo faz comparativos somente entre esses dois métodos e avalia amostras após apenas um ciclo de esterilização. Processar as máscaras mais vezes pode degradar ainda mais a capacidade de proteção por elas oferecida. Assim, a recomendação dos especialistas que comandaram a pesquisa é a de que os serviços de saúde testem a eficiência da filtragem do respirador pelo tamanho do aerossol, e não somente pela sua eficiência geral.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para proteção contra aerossóis contendo agentes biológicos, os respiradores N95 seguem a norma americana e devem apresentar eficiência mínima de filtração de 95% (2).
Referências:
(2) Covid-19: tudo sobre máscaras faciais de proteção
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