Bastante específica das unidades hospitalares, a cadeia de suprimentos pode ser otimizada com o advento da tecnologia
Reduzir custos é uma necessidade comum aos sistemas de saúde global. Com o advento da tecnologia, muitas possibilidades surgem como forma de otimizar recursos através da implementação de sistemas digitais. Quando a gestão financeira analisa os gastos gerais, há um alerta importante sobre o impacto da cadeia de suprimentos nas finanças que, de acordo com a literatura, pode representar até 50% das despesas das instituições de saúde.
Porém, encontrar caminhos para enxugar esses gastos é um desafio, principalmente devido à complexidade das cadeias de suprimentos do setor, que envolvem questões regulatórias diversas, além da baixa possibilidade de previsão de demanda pela heterogeneidade dos pacientes, dos atendimentos e até mesmo da disponibilidade de produtos em regiões específicas.
Publicado em julho de 2024, um estudo de caso analisou a implementação de um sistema digital baseado em inteligência artificial para gerenciar as informações da cadeia de suprimentos de medicamentos em um hospital especializado em oftalmologia e otorrinolaringologia que, anualmente, gerencia mais de duas milhões de consultas ambulatoriais e de pronto-socorro, além de 120 mil procedimentos cirúrgicos.
O foco estava em manter tudo digitalizado, facilitando a programação das compras e, assim, otimizando custos. Esperava-se, com essa inovação, aumento anual de eficiência de 4,1% e crescimento de receita de 2,9%. Para verificar a eficiência do sistema, foram gerados relatórios que permitiam identificar possíveis perdas de medicamentos, bem como discrepâncias importantes no inventário.
Envolvimento das equipes: cadeia de suprimentos digitalizada
Para que o sistema digital possa ser implementado com eficiência, diversos atores devem estar alinhados, entre eles lideranças hospitalares, farmacêuticos, equipe financeira, de tecnologia da informação e os especialistas que atuam diretamente com a cadeia de suprimentos. Cada um desses trabalhadores assume uma tarefa. Os farmacêuticos, por exemplo, projetam a aquisição dos medicamentos e cuidam do controle de estoque; o financeiro cuida do faturamento; e as lideranças coordenam todos os envolvidos em busca da padronização.
Independentemente das especificidades do sistema digital e das aplicações de inteligência artificial adotados por essa unidade de saúde, pode-se dizer que o projeto foi bem-sucedido e, assim, reduziu os custos, além de impactar positivamente na diminuição de erros e aumentar em mais de 40% a eficiência da cadeia de suprimentos.
Alguns pontos merecem destaque. O sistema, por exemplo, eliminou a necessidade de inspeção manual da data de validade dos medicamentos, alertando, de forma automática, sobre produtos com vencimento em seis meses. Com isso, a perda em decorrência do prazo de validade caiu de 5 para 1. Outros fatores relevantes foram que os erros de dispensação foram reduzidos e houve aumento na quantidade de relatórios de reações adversas, o que contribui com a segurança do paciente ao aumentar o monitoramento.
Além da diminuição das perdas, os custos também melhoraram devido à terceirização do controle de estoque diretamente para os fabricantes, fazendo com que, em apenas um ano, o estoque daquela unidade hospitalar reduzisse 20%. Com um controle eficaz, o hospital não precisava mais estocar grandes quantidades de medicamentos, já que o fabricante tinha condições de repor com agilidade aqueles produtos mais consumidos.
Outro ponto interessante identificado pelos pesquisadores foi que o sistema digital somado à utilização da inteligência artificial interferiu de forma benéfica nos erros de aplicação, alocação e distribuição de medicamentos. Como consequência, o estudo também sugere que o sistema permitiu a padronização da gestão medicamentosa em uma rede de hospitais, o que facilita o acesso dos pacientes.
Por fim, entende-se que a adoção de inteligência artificial em sistemas digitalizados – apesar de estar sendo iniciada agora – já se mostra caminho eficaz para melhorar o desempenho, reduzir custos, minimizar perdas e tornar até mesmo a cadeia de suprimentos dos hospitais, que é bastante específica, mais ágil e responsiva.
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