Para segurança do paciente em idade avançada, é preciso levar em conta também a possibilidade de interação medicamentosa
Atendimento de Idosos no Pré-Hospitalar
Paciência, atenção, carinho. É assim que o Dr. Rodrigo Corrêa, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (SP), especializado em envelhecimento, define o atendimento a idosos em emergência médica. “Treinamento é fundamental, estudo é importantíssimo. Além disso, a dedicação e o amor pela profissão fazem toda a diferença”, diz.
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A seguir, confira a entrevista exclusiva ao site do IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente com o Dr. Rodrigo Corrêa, que também é especialista em urgências e emergências com atuação contínua nos serviços de resgate do SAMU.
IBSP – O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) atende todo tipo de ocorrência. Em relação aos idosos, quais os principais acidentes?
Rodrigo Corrêa – Se considerarmos apenas acidentes, como ocorrências traumáticas, as principais são as quedas, seja pelo fato dos idosos serem mais propensos por cursarem com instabilidades posturais inerentes à idade, seja por “armadilhas” dentro de casa, tais como tapetes, falta de corrimão, escadas e degraus. Há também quedas relacionadas à fragilidade óssea e osteoporose, que levam às fraturas de fêmur.
IBSP – Para o profissional de saúde que atua em atendimento móvel, qual a principal recomendação para socorrer idosos?
Rodrigo – As principais sugestões que passamos aos profissionais são basicamente as mesmas usadas para a população em geral, ou seja, paciência. Além disso, devemos ter em mente que idosos são, muitas vezes, polimedicados e, portanto, temos sempre que pensar em interações medicamentosas. Muitos também apresentam diversas doenças associadas, e, por conta disso, devemos redobrar a atenção com relação às interseções patológicas importantes. Recomendamos paciência, atenção e carinho.
IBSP – O que é decisivo para salvar a vida de um idoso?
Rodrigo – Treinamento é fundamental, estudo é importantíssimo, além da dedicação e amor pela profissão. Sem esquecer-se do tempo resposta, que é de importância maior em todas as ocorrências.
IBSP – E em caso de AVC e infartos em idosos? Tempo é determinante?
Rodrigo – Nessas patologias especificamente, manter o principio da “Golden hour” está diretamente ligado ao sucesso do evento. Não só pela redução dos índices de morte por tais eventos, bem como a redução drástica de sequelas, sejam estas graves, medianas ou moderadas na sequencia da vida do indivíduo.
IBSP – A fragilidade do idoso pode determinar que algum procedimento invasivo seja deixado de lado?
Rodrigo – Não. É necessário treinamento suficiente e especifico para que o idoso receba toda a assistência disponível para determinada condição clínica. Não podemos negligenciar qualquer procedimento pelo risco relativo que ele representa, pois, quanto mais preparado estamos, menor é o risco imputado. Devemos, obviamente, levar em conta os riscos versus os benefícios, porém com educação continuada e treinamento, tais procedimentos, desde que seguros, serão sempre executados de forma correta e bem indicada.
IBSP – Como lidar com o processo de morte na emergência?
Rodrigo – O processo de morte devera ser encarado como em todas as esferas de atendimento, ou seja, deverá ser visto como uma evolução natural de determinada pessoa, desde que tenhamos convicção e consciência que fizemos tudo que estava ao nosso alcance para manter aquela vida de forma digna e respeitosa, eticamente mantendo todos os princípios morais que nos cerceiam.
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