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Com protocolo de descolonização, estudo melhora indicadores importantes relacionados com infecções

Com protocolo de descolonização, estudo melhora indicadores importantes relacionados com infecções
Com protocolo de descolonização, estudo melhora indicadores importantes relacionados com infecções
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Foco do estudo foram infecções por organismos multirresistentes e pesquisadores também analisaram taxa de internação e mortes 

Combater a resistência antimicrobiana tem sido uma árdua tarefa em todo o mundo. O uso indiscriminado de antibióticos tem um impacto bastante negativo na criação desses organismos multirresistentes que são muito mais difíceis de serem tratados e estão associados a aumento da morbidade, da mortalidade, do tempo de hospitalização e dos custos com cuidados de saúde. Porém, antes de pensar no tratamento assertivo, é preciso pensar em prevenção (1). 

Nos Estados Unidos, estudos (2) relatam que as infecções causadas por organismos multirresistentes geram cerca de 35 mil mortes todos os anos. Além disso, aumentam os custos médicos em cerca de 4,6 milhões de dólares. 

Um estudo (1) recente realizado em território norte-americano, mais precisamente na Califórnia, buscou compreender como seria possível reduzir essas infecções com ações de prevenção. Para isso convocou 35 unidades de saúde entre hospitais, instituições de longa permanência e lares de idosos, local onde há maior prevalência de organismos multirresistentes, o que se torna uma preocupação latente, já que esses residentes circulam costumeiramente por hospitais para atendimento médico podendo propagar esses patógenos. 

Os pesquisadores sugeriram uma ação de prevenção que consistia no banho de clorexidina somado à antissepsia nasal com iodopovidona. Importante lembrar que a descolonização somente funciona se os produtos forem aplicados corretamente, então, as equipes foram treinadas continuamente para esse fim. 

A adesão às duas formas de descolonização foi diferente entre os serviços de saúde. Enquanto os lares de idosos tiveram adesão de 86,3% à clorexidina e de 69,5% à iodopovidona, as instituições de longa permanência tiveram adesão de 94% à clorexidina e de 83,9% à iodopovidona. Já nos hospitais, as taxas de adesão foram mais baixas, de 79,3% à clorexidina e de 69,6% à iodopovidona. 

Para o estudo, que foi realizado durante o mês de julho de 2019, ou seja, pré-pandemia de covid-19, o time coletou amostras de 50 pacientes antes e após a intervenção. Essas amostras eram esfregaço bilateral das narinas e também esfregaços de pele e perianais.  

Menos infecções, menos mortes, menos hospitalizações 

Os resultados foram bastante positivos e mostram sucesso das intervenções preventivas, principalmente para reduzir os riscos de infecções por patógenos resistentes. 

Nos lares de idosos, a prevalência de organismos multirresistentes caiu significativamente de 63,9% para 49,9%, com a média de culturas clínicas positivas mudando de 2,7 para 1,7 a cada 1.000 pacientes. 

Além disso, a taxa de internações devido a infecções também mudou, a cada 1.000 residentes, de 2,31 para 1,94, ou seja, uma redução interessante de 26,7%. Já nas entidades não participantes, essa taxa variou de 1,90 para 2,03.  

Outro ponto é que os custos de hospitalização dos residentes dos lares de idosos também sofreram impacto importante, caindo de US$ 64.651 para US$ 55.149 enquanto, nos serviços não participantes, esse custo subiu de US$ 55.151 para US$ 59.327. As mortes também tiveram queda de 0,29 a cada 1.000 residentes para 0,25 enquanto nas instituições que não participaram ela variou de 0,23 para 0,24. 

Os resultados são diferentes nos outros serviços de saúde, mas também seguem animadores. Nas instituições de longa permanência, houve redução interessante de 80% para 53,3% nos organismos multirresistentes, com a média das culturas positivas caindo de 14,8 para 8,2 a cada 1.000 pacientes, uma diminuição de 22,5%. Já nos hospitais, a taxa caiu de 64,15% para 55,4% com a média de culturas positivas reduzindo de 25,5 para 25. 

Essa redução que varia de 23% a 30% nas culturas positivas é bastante significativa, mostrando uma associação entre as ações preventivas com menor prevalência de presença de organismos multirresistentes nos serviços de saúde.  

Os pesquisadores também acompanharam se os pacientes e residentes dos lares de idosos teriam alguma reação adversa às substâncias utilizadas para a descolonização. Foram anotadas 10 reações adversas, sendo que somente quatro delas estavam de fato relacionadas à descolonização.  

Por fim, o estudo reforça que, em comparação com os hospitais, os lares de idosos e as instituições de longa permanência tiveram melhor adesão ao protocolo de descolonização e, com isso, experimentaram resultados melhores. Mas, independentemente dessa questão, todos os serviços de saúde apresentaram melhorias importantes após a utilização de clorexidina e de iodopovidona em estratégias para evitar patógenos potencialmente infecciosos. 

O sucesso das ações, na ocasião, levou à elaboração de um programa regional de incentivo à descolonização nos lares de idosos que fornecia, gratuitamente, as duas substâncias e ainda levava enfermeiros adicionais para o treinamento das aplicações. Com as restrições orçamentárias em decorrência da covid-19, o programa foi encerrado, mas 21 dos 28 lares de idosos que participavam optaram por seguir com o protocolo. 

Referências: 

(1) Reducing Hospitalizations and Multidrug-Resistant Organisms via Regional Decolonization in Hospitals and Nursing Homes 

(2) Controlling Multidrug-Resistant Organisms Across Patient-Sharing Networks 

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