Da sinalização de medicamentos à comunicação efetiva: saiba o que pode ser feito pelo profissional de farmácia no que tange à segurança do paciente
O que dá certo em hospitais de referência, normalmente, serve de inspiração para outras instituições de saúde, ainda mais em temas relativamente novos, como segurança do paciente e sua interação multidisciplinar. Na área de farmácia, no Hospital Sírio-Libanês, uma combinação de estratégias de divulgação com os médicos, fortalecimento com a equipe de enfermagem e aproximação dos farmacêuticos com os pacientes através de entrevista farmacêutica tem mostrado excelentes resultados.
“O apoio dos sistemas informatizados que auxiliam no registro e acesso as informações no prontuário também têm fortalecido a atuação frente à reconciliação medicamentosa”, diz Lívia Maria Gonçalves Barbosa, farmacêutica especialista em UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e coordenadora da Comissão Assessora de Farmácia Clínica no CRF SP.
Confira, a seguir, a entrevista com a profissional ao Portal de Segurança do Paciente do IBSP.
IBSP – Como analisa a função do farmacêutico clínico em ambiente hospitalar? Quais os principais desafios deste profissional na atualidade?
Lívia Maria Gonçalves Barbosa – A função do farmacêutico no ambiente hospitalar é fundamentalmente aumentar a segurança na utilização de medicamentos no cenário hospitalar, reduzindo a ocorrência de eventos adversos envolvendo o uso dos medicamentos. Além disso, um dos desafios é estabelecer cuidado centrado no paciente e ser referência para a equipe multiprofissional.
IBSP – Qual é a importância da conciliação medicamentosa no contexto da segurança do paciente?
Lívia – A conciliação medicamentosa é muito importante para a segurança do paciente porque garante a manutenção do tratamento de base e controle de sintomas em um momento que o paciente está agudamente enfermo ou internado para realização de uma cirurgia, por exemplo. Ou seja, a conciliação evita erros de medicação para o paciente, principalmente de omissão ou duplicidade.
IBSP – Quais as principais estratégias para evitar erros e aumentar a segurança do paciente?
Lívia – As principais estratégias para evitar erros de medicação e aumentar a segurança do paciente são estratégias de fortalecimento da comunicação efetiva, como documentação de metas de cuidado e registro das intervenções efetivas, estratégias de sinalização de medicamentos de alta vigilância e a presença do farmacêutico clínico hospitalar junto à equipe e não mais dentro da farmácia.
IBSP – A reconciliação de medicamentos é uma das tarefas do farmacêutico clínico para identificar e corrigir falhas, inconsistências e problemas no sistema de medicação. Isso também colabora para o engajamento do paciente em sua rotina de medicamentosa?
Lívia – Totalmente. A reconciliação ativa, quando há entrevista pelo farmacêutico, constitui uma grande oportunidade de educação do paciente e empoderamento frente à doença.
IBSP – Sobre conciliação e reconciliação de medicamentos, um dos principais desafios é garantir a adesão médica?
Lívia – Acredito que, mais que a adesão médica, o entendimento da importância da conciliação e reconciliação e seus impactos fazem a diferença para a equipe médica.
IBSP – Reconciliação medicamentosa pode ser também uma estratégia para a segurança do paciente oncológico?
Lívia – Para todos os perfis de paciente, na verdade. Especialmente para os oncológicos, há possibilidade de educação específica principalmente com relação a cuidados no uso de medicamentos oncológicos em tratamentos ambulatoriais.
IBSP – Quais são os passos para uma reconciliação medicamentosa de sucesso (dupla checagem dos medicamentos utilizados, entrevista com paciente, com a família ou com seus cuidadores, comparação das ordens médicas e a discussão de casos com a equipe)? Qual a importância destes pontos?
Lívia – A maioria dos estudos mostra que a entrevista farmacêutica no momento da reconciliação faz diferença para a acurácia das informações. A dupla checagem às vezes gera mais dúvidas porque os profissionais colhem informações diferentes, mas a discussão de casos com a equipe é fundamental para o entendimento da condição clinica do paciente e suas necessidades.
IBSP – Na sua experiência no Sírio-Libanês, o que tem dado certo (práticas, diretrizes, protocolos)?
Lívia – O que tem dado certo no Hospital Sírio-Libanês é uma combinação de estratégias de divulgação com os médicos, fortalecimento com a equipe de enfermagem e aproximação dos farmacêuticos com os pacientes através de entrevista farmacêutica. O apoio dos sistemas informatizados que auxiliam no registro e acesso as informações no prontuário também têm fortalecido a atuação frente à reconciliação medicamentosa.
IBSP – Em ambiente de UTI, como lidar com a conciliação medicamentosa em casos graves e/ou urgentes?
Lívia – Na UTI a reconciliação medicamentosa é muito importante para registrar adequadamente os medicamentos, medir possibilidade de reações adversas a medicamentos que possam ter favorecido a internação e preparo para transferência. Na maioria das vezes, o tratamento agudo do paciente crítico não permite reconciliação dos medicamentos de uso prévio.
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