Mais de 900 profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal participaram de um estudo transversal (1) focado em avaliar a cultura de segurança nas instituições três anos após a implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). O resultado mostra que ainda há bastante trabalho a ser realizado nesse contexto.
Entre setembro de 2016 e janeiro de 2017, os pesquisadores utilizaram o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) adaptado para a realidade brasileira para avaliar como gestores, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais assistenciais e não assistenciais percebem a cultura da segurança. O questionário traz em suas perguntas temas como clima de trabalho em equipe, clima de segurança, satisfação no trabalho, percepção do estresse, percepção da gerência e condições de trabalho. Resultado igual ou maior do que 75 pontos caracterizava um clima positivo.
A média geral foi de 64,2 pontos. Não houve diferença significativa de percepção entre os grupos profissionais, porém é interessante observar que ao mesmo tempo em que as questões relativas à satisfação no trabalho alcançaram média de 79,8 pontos, perguntas referentes às condições de trabalho tiveram média de 50,2 pontos. Essa diferença pode estar atrelada, segundo os autores do estudo, ao fato de que o profissional de saúde enxerga utilidade social no seu próprio trabalho, mesmo que esteja desempenhando suas atividades em um ambiente precário.
Ainda nesses tópicos, enquanto entre os gestores a média de satisfação no trabalho foi de 88,1 pontos, nos outros grupos houve variação importante: médicos, 78,4 pontos; e enfermeiros, 78 pontos. A mesma discrepância pode ser notada no quesito condições de trabalho. Enquanto a pontuação desse tópico entre os gestores chegou a 62,6 pontos, entre enfermeiros foi de 45,7 e entre médicos 46,2 pontos.
A publicação comenta que estudos internacionais também refletem percepção negativa quanto a cultura da segurança do paciente em outros países. Menciona, inclusive, que uma pesquisa da Suécia realizada junto a equipes de centro cirúrgico apresentou resultado bastante similar ao estudo concretizado no Distrito Federal.
Por fim, conclui que mesmo passados três anos da implantação do PNSP, a cultura de segurança nos 11 hospitais avaliados no Distrito Federal estava fragilizada mesmo diante de um cenário em que os profissionais se mostram satisfeitos com o trabalho. Assim, a sugestão é que a gestão dessas instituições invista em melhorias contínuas.
Referências:
(1) Cultura de segurança na percepção dos profissionais de saúde de hospitais públicos
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