O primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro e, desde então, muitos debates se sucederam no que diz respeito às ações tomadas para o combate à disseminação deste patógeno. Diferentemente de outros países da Europa, o Brasil tem como particularidade o fato de ser um país continental no qual a pandemia vem ocorrendo de forma diferente em cada região. Justamente por isso, as medidas foram diferentes em cada estado. No geral, a principal instrução era que as pessoas deveriam circular apenas em situações realmente necessárias, e o #fiqueemcasa ganhou repercussão.
Hoje, passados cinco meses do início dos surtos no país, há uma ampla movimentação em torno da reabertura, o que ainda gera questionamentos. O estado de São Paulo, que tem 44 milhões de habitantes e é o mais populoso do país, adotou estratégias diversas para cada uma de suas principais regiões. Assim, foram criadas fases e as cidades poderiam avançar de fase periodicamente desde que não houvesse aumento no número de internações e de casos. E a abertura vem se concretizando.
Paralelamente às medidas de distanciamento social, o uso da máscara foi instituído como obrigatório depois que as entidades internacionais reconheceram que a proteção facial contribui de forma intensa para o controle da disseminação da COVID-19.
Publicada em meados de julho no British Medical Journal (1), uma pesquisa trata da incidência da COVID-19 diante de intervenções de distanciamento social. O experimento utiliza informações do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças alinhadas a dados sobre as políticas de distanciamento social do Oxford Covid-19 Government Response Tracker, estudo que rastreia medidas e políticas governamentais em resposta à pandemia.
Foram analisadas cinco medidas principais: fechamento de escolas, fechamento de locais de trabalho, interrupção do transporte público, restrições a reuniões em massa e eventos públicos, e bloqueios de movimento. No total, 149 países que implementaram ao menos uma das cinco medidas pesquisadas entre janeiro e maio ofertaram dados do impacto do isolamento social na disseminação da COVID-19 ao longo de, no mínimo, uma semana. Dos 149 países, com exceção de Bielo-Rússia e Tanzânia, todos implementaram pelo menos três medidas entre as citadas.
A conclusão é a de que apostar em medidas de distanciamento social foi eficiente para controle da pandemia no mundo inteiro. Em média, a implementação de qualquer intervenção para evitar o contato próximo entre as pessoas levou a uma redução geral de 13% na incidência da COVID-19 naquele local. Outro dado interessante extraído da pesquisa é de que houve maior redução da incidência da doença nos países de alta renda e nos locais com maior proporção de idosos. Com base nos dados obtidos, o estudo indica que na ausência de tratamentos e vacinas comprovadamente seguros e eficazes, a melhor recomendação segue sendo o distanciamento social.
Intervenções combinadas
O estudo também analisa o impacto da combinação entre as cinco intervenções de distanciamento social e relata que houve maior redução na incidência da COVID-19 quando, após fechar as escolas e os locais de trabalho, foram impostas restrições às reuniões em massa e, também, quando o bloqueio foi implementado rapidamente, paralelamente ao fechamento das escolas e escritórios.
Referências:
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