O Dia Mundial de Cuidados Paliativos é comemorado anualmente no segundo sábado do mês de outubro, que, neste ano, cai no dia 10. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cuidados paliativos são a promoção da assistência por uma equipe multidisciplinar que visa, diante de uma doença ameaçadora, a melhoria da qualidade de vida do paciente e de seus familiares. São ações inerentes aos cuidados paliativos, a prevenção e o alívio do sofrimento através da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e de outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
É indispensável trazer todos os conceitos de segurança do paciente para esse cenário, principalmente tendo conhecimento de que cidadãos que estão sob cuidados paliativos são ainda mais vulneráveis. Porém, a mortalidade, nesses casos, não deve ser o principal indicador. Deve, claro, ser considerada, visto que erros podem levar a uma morte precoce, impedindo o paciente de vivenciar sua última fase de vida ou mesmo de encerrar seus ciclos pessoais, ou ainda podem adiar a hora da morte prolongando um indesejável estado de sofrimento. Mas existem outros panoramas bastante importantes, entre eles morbidade, sofrimento desnecessário e custos econômicos adicionais.
O cenário, infelizmente, ainda é de certa escassez nas evidências científicas e na literatura, o que impede os sistemas de saúde de traçar diretrizes mais sólidas na busca pela prevenção de erros. Porém uma revisão (1) de 44 estudos realizada em 2010 na Alemanha levantou quais seriam os principais erros obtidos no espectro desses pacientes. E um dos apontamentos mais prevalentes – até porque o setor reconhece que erros medicamentosos estão entre os mais comuns no cenário geral da saúde – diz respeito ao controle dos sintomas, principalmente quando envolve analgesia com opioides, o que pode levar tanto a um subtratamento que gera angústia quanto à uma intoxicação.
A revisão cita três exemplos de falhas nesse sentido: administração inadvertida de alta dose de tramadol em vez de morfina, o que leva à mioclonia, diaforese e hipotensão; aumento muito rápido da dosagem de opioides intravenosos após saída da respiração artificial levando à sedação e depressão respiratória; e mistura de taxa basal e dose em bolus na bomba de infusão, levanto à letargia.
Mas os erros não estão limitados à atividade medicamentosa. A pesquisa também relata erros possíveis na prevenção, diagnóstico e prognóstico, sendo que o prognóstico é sempre um mecanismo chave para que os pacientes tenham conhecimento sobre o curso da doença e sobre as decisões que deverão ser tomadas. E nessas tomadas de decisão, o paciente precisa ser ouvido e ter seus desejos muito bem interpretados e registrados. Falhas nesse processo podem, por exemplo, levar o paciente a falecer em um local em que não deseja.
E quanto à extensão dos danos quando um paciente em cuidados paliativos se depara com falta de segurança? Em 2018 um estudo (2) traçou análises quantitativas e qualitativas dos incidentes graves dentro desse contexto. Das 475 notificações identificadas, 266 estavam relacionadas à lesão por pressão; 91 à erros medicamentosos; 46 a quedas e 21 à infecções. As outras diziam respeito à perturbação da morte, alegações contra profissionais da saúde, incidentes de transferência, suicídio e outras preocupações.
O estudo conclui, então, que cuidados inseguros dentro dos conceitos de cuidados paliativos levam a danos significativos e que melhorar a coordenação desses cuidados e ampliar a disponibilidade de suporte especializado são ações capazes de reduzir os riscos.
Referências:
(1) Medical Errors and Patient Safety in Palliative Care: A Review of Current Literature
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