Segundo a profissional da USP, as 29 diretrizes para prevenção de infecções da OMS são muito interessantes, especialmente por enfocarem muito bem o período pré-operatório
Em entrevista exclusiva ao Portal IBSP, a Profa. Dra. Camila Mendonça de Moraes Lopes, formada e pós-graduada em enfermagem e autora escala de avaliação de risco para o desenvolvimento de lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico do paciente (ELPO), avalia as “Diretrizes Globais para Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico”, que incluem uma lista com 29 recomendações específicas elaboradas pelos maiores especialistas no assunto do mundo a partir das 26 evidências mais recentes.
IBSP – Quando um paciente vai ser submetido a uma cirurgia, ele corre riscos? Quais são os principais (infecção, lesões decorrentes da posição cirúrgica)?
Camila Mendonça de Moraes Lopes – O procedimento cirúrgico pode acarretar inúmeros riscos ao paciente, especialmente considerando que o paciente está anestesiado e totalmente dependente da equipe que o assiste. As complicações mais comuns são: infecção de sítio cirúrgico, hipotermia, lesões decorrentes do posicionamento cirúrgico, dentre outras. Dessa forma é responsabilidade de toda a equipe perioperatória realizar um plano de cuidados individualizado e que garanta o conforto e a segurança do paciente. Alguns tipos de posição cirúrgica podem favorecer o desenvolvimento mais rápido do procedimento, deixando o paciente menos exposto, o que pode diminuir o risco de infecções, dentre outros riscos. Contudo, o posicionamento cirúrgico do paciente deve ser um procedimento realizado com muita atenção para diminuir as implicações anatômico-fisiológicas de cada posição, consequentemente diminuindo o risco de lesões.
IBSP – A OMS estabeleceu 29 recomendações para evitar infecções e minimizar a resistência aos antibióticos, focando na prevenção. São pontos relevantes sob o ponto de vista de segurança do paciente?
Camila – As 29 diretrizes para prevenção de infecções de sítio cirúrgico da OMS são muito interessantes, especialmente por enfocarem muito bem o período pré-operatório, deixando clara a importância da preocupação com o paciente neste período e possibilitando a implementação de estratégias em tempo hábil para realmente prevenir as infecções.
Assim como os outros riscos que o paciente é submetido durante o procedimento, a chave para o desenvolvimento de estratégias seguras e efetivas é a prevenção. Considero assim muito relevantes, esse conjunto de diretrizes para compor as outras atividades assistenciais para a prevenção de complicações do paciente cirúrgico no intuito de garantir a segurança do paciente.
IBSP – Pode-se dizer, então, que prevenção de infecção cirúrgica nunca foi tão importante quanto agora?
Camila – Entendo que a preocupação com infecção cirúrgica não se iniciou agora, mas essas diretrizes baseadas em evidências com certeza enaltecem as medidas preventivas e a implementação de estratégias de prevenção mais efetivas.
IBSP – Diante desses novos guidelines, o que muda no trabalho da equipe cirúrgica? E da enfermagem especificamente?
Camila – De acordo com os guidelines, diretrizes e protocolos assistenciais que vem sendo desenvolvidos continuamente fica evidente que a preocupação com uma assistência de maior qualidade é uma crescente, o que é essencial no cuidado prestado ao paciente cirúrgico.
Dessa forma, a cada dia é necessário que a equipe multidisciplinar se adeque, ampliando seu conhecimento e aderindo às Práticas Baseadas em Evidências para implementar protocolos específicos para seu local de trabalho, que considerem todas as possibilidades do ambiente, a experiência do profissional e a especificidade dos pacientes atendidos.
Neste contexto, poderemos observar que o trabalho de toda a equipe perioperatória será facilitado, pois a implementação de uma assistência que incluem, por exemplo, a avaliação de riscos e ações preventivas relacionadas à identificação destes riscos agilizará a tomada de decisão sobre o melhor cuidado a ser realizado em cada caso, e podem garantir um cuidado mais eficaz e seguro.
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