Devido às comorbidades e às fragilidades naturais do decorrer da vida, idosos estão mais propensos a enfrentar procedimentos cirúrgicos e, consequentemente, a vivenciar episódios de delirium durante o pós-operatório. Além disso, estudos (1) apontam o impacto financeiro desses episódios na gestão: somente nos Estados Unidos, as despesas associadas ao delirium após cirurgias eletivas chegam a US$ 56.474 por paciente ao ano.
Porém, até 1/3 dos casos de delirium podem ser evitados com intervenções não farmacológicas. Essa prevenção é extremamente importante, visto que uma vez que o delirium é iniciado, não há mais como alterar seu curso.
Um ensaio clínico randomizado (2) publicado em dezembro de 2021 avaliou múltiplas intervenções preventivas ao delirium em pacientes idosos submetidos a cirurgias. Entre as intervenções estavam estimulação cognitiva, motora e sensorial; companhia durante as refeições; acompanhamento para a realização de exames diagnósticos; sessões de relaxamento e combate ao estresse; e promoção do sono.
Para a análise, foram selecionados 1.470 pacientes, entre homens e mulheres com 70 anos ou mais.
Os resultados soam bastante positivos. No geral, houve redução de 25% para 15% na incidência de delirium após as intervenções. Além disso, a prevenção também diminuiu de 23,4% para 19% as chances de um novo episódio de delirium e reduziu a necessidade de utilização de medicamentos como opiáceos, benzodiazepínicos e neurolépticos durante o período pós-operatório.
Porém, diante desses resultados, um fato deve ser destacado: os desfechos positivos ocorreram nas cirurgias não-cardíacas. Nas cardíacas, não foram observadas melhoras significativas.
Como entidade focada na educação continuada dos profissionais de saúde, não podemos deixar de mencionar que antes da aplicação das intervenções, os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados dos grupos de pacientes selecionados receberam treinamento. Mais de 70% participaram de uma aula básica com duração de 90 minutos sobre detecção, gerenciamento e prevenção de delirium.
Além disso, especialistas em enfermagem psicogeriátrica receberam 80 horas de treinamento que também envolvia vigilância de medicamentos, avaliações diárias e prescrição de módulos individuais de prevenção. Esse apontamento do estudo reforça a importância da capacitação profissional para a segurança do paciente e a melhoria da assistência.
Referências:
(2) Outcomes of a Delirium Prevention Program in Older Persons After Elective Surgery
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