Publicação traz visões específicas de como envolver pacientes, cuidadores e familiares no cuidado com o intuito de melhorar a assistência
O engajamento do paciente como ferramenta de promoção da segurança tem sido tão importante que o tema foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial da Segurança do Paciente de 2023, comemorado dia 17 de setembro. A Organização também aborda essa questão no Plano de Ação Global para Segurança do Paciente 2021 – 2030 (1). Na ocasião, relata que, para alcançar cuidados de saúde seguros, os pacientes precisam ser informados, envolvidos e tratados como parceiros em seus próprios cuidados.
Ainda dentro desse contexto, os Observatórios de Direitos dos Pacientes do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília e da Universidade Federal de Juiz de Fora constituíram um grupo multidisciplinar de pesquisadores para produzir um material focado inteiramente neste assunto.
Intitulado Engajamento de Pacientes e Familiares na Segurança do Paciente (2), o documento tem, como foco, estimular o conhecimento e o debate acerca da importância do envolvimento de todos os elos da cadeia do cuidado para a promoção de uma assistência segura no país.
São, ao todo, 10 capítulos que especificam subtemas como instrumentos de medida, investigação de incidentes, parto seguro e respeitoso, cuidado seguro em pediatria e em pacientes com demência, tomada de decisão compartilhada, direitos do paciente, letramento em saúde e como as organizações de pacientes podem contribuir para a melhoria do cenário brasileiro.
O primeiro capítulo traz, por exemplo, uma sugestão que vem despontando como tendência: a formação de grupos de pacientes que advogam pela segurança. Menciona, também, o disclosure como ferramenta para o envolvimento. Além disso, lista instrumentos de mensuração do engajamento que podem ser aplicados pelas organizações de saúde, a exemplo do Treatment Self-Regulation Questionnaire, que avalia o grau de motivação das pessoas para um determinado comportamento.
O documento também debate algumas questões divergentes no contexto global e barreiras existentes. Entre elas, qual deve ser o envolvimento dos pacientes na investigação de incidentes – já que alguns cenários indicam que essa participação deve se resumir a uma entrevista, e outros consideram ampliar a perspectiva, como resolver lacunas de informações e de comunicação para a tomada de decisão compartilhada; e o Ombudsman do Paciente como mecanismo de promoção e garantia dos direitos.
O direito do paciente, aliás, é um tema bastante abordado em mais de uma seção da publicação. Além de apresentar a diretriz estabelecida pela Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no Sistema Único de Saúde (SUS), que dispõe sobre direitos e deveres dos usuários do sistema, explica o direito à saúde, à informação, à privacidade e confidencialidade, à segurança, à qualidade e continuidade do cuidado, à participação, à prontidão e resposta a emergência, à vida, à não ser discriminado, e aos remédios efetivos.
O material, que está disponível para download AQUI, surge como uma boa fonte de informação para todas as equipes multidisciplinares que atuam com a gestão da segurança dos pacientes. Além dos artigos assinados por todos os pesquisadores membros dos grupos, traz as referências que podem contribuir para a pesquisa e ampliação do conhecimento na área.
Referências
(1) Plano de Ação Global para Segurança do Paciente 2021 – 2030
(2) Engajamento de Pacientes e Familiares na Segurança do Paciente
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