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EUA analisam erros de vacinação contra a COVID-19 e listam estratégias para preveni-los

EUA analisam erros de vacinação contra a COVID-19 e listam estratégias para preveni-los
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Nos Estados Unidos, o Institute for Safe Medication Practices (ISMP) analisou mais de 160 erros relatados voluntariamente ao longo dos quatro primeiros meses de vacinação contra a COVID-19 no país com o objetivo de identificar e compartilhar os principais aprendizados da imunização diante de uma pandemia, recomendando as melhores práticas (1).

Nas primeiras semanas de vacinação, os erros se concentravam em problemas com a diluição, desperdício de doses e falhas tanto na administração das vacinas em pessoas fora da faixa etária indicada quanto no agendamento das segundas doses (no caso de imunizantes que precisam de duas doses). Porém, com o passar dos meses, novos equívocos foram surgindo.

Para melhor compreensão das falhas, o ISMP segmentou os relatórios em quatro categorias: erros gerais, erros específicos para vacinas de duas doses, erros de diluição da vacina da Pfizer-BioNTech e erros específicos para vacinas de dose única.

Confira, a seguir, os principais erros de cada categoria:

Erros gerais

  • Administração de dose inferior à autorizada, com sobras do imunizante na seringa ou vazamento durante a aplicação; ou de dose maior do que a autorizada;
  • Administração de vacinas em pessoas fora da faixa etária autorizada, muitas vezes por erro na triagem;
  • Administração utilizando técnica inadequada, o que pode levar à SIRVA (lesão no ombro relacionada à administração da vacina onde a dor pode iniciar 48 horas após a aplicação levando à perda da amplitude de movimento);
  • Administração com agulha inadequada;
  • Aplicação com a seringa vazia, já utilizada anteriormente, ou com falhas na hora da preparação da vacina;
  • Armazenamento e manuseio incorreto dos imunizantes, levando ao desperdício ou à administração de vacinas fora do prazo de validade;
  • Administração do medicamento errado;
  • Administração de outra vacina além da COVID-19 dentro do prazo de 14 dias ou administração de um anticorpo monoclonal usado como parte do tratamento para COVID-19 dentro de 90 dias;
  • Outras razões para desperdício de vacinas como descarte inadvertido ou derramamento.

Erros específicos para vacinas de mRNA de duas doses (Moderna e Pfizer-BioNTech)

  • Administração da segunda dose com uma vacina de fabricante diferente da utilizada na primeira dose por falhas na organização do local de vacinação;
  • Erros no intervalo das doses, com a segunda administração ou muito cedo ou muito tarde.

Erros de diluição da vacina da Pfizer-BioNTech

  • Utilização do volume errado do diluente, com pouco ou muito líquido, ou diluição do mesmo frasco de vacina duas vezes;
  • Utilização do diluente errado, como água estéril em vez de cloreto de sódio a 0,9%;
  • Não diluição da vacina.

Erros específicos para vacinas de vetor viral de dose única (Janssen)

  • Falhas devido ao cartão de vacinação ser padronizado para imunização em duas doses, o que pode confundir pacientes que recebem vacina de dose única.


Estratégias para mitigar riscos

Após avaliar os relatórios voluntários de erros durante a vacinação nos Estados Unidos, foram listadas algumas ações capazes de reduzir os riscos de falhas no processo de imunização em massa:

Competência da equipe – Educar e orientar toda a equipe de vacinação, verificar a competência desses profissionais quanto à triagem, diluição adequada quando necessário, técnica de aspiração de doses, local de aplicação a fim de prevenir lesões como a SIRVA e cronograma de vacinação seguido pelo país.

Agendamento e check-in do paciente – Agendar os pacientes para tomar a segunda dose (quando forem vacinas de duas doses) antes deles saírem do local de vacinação, estabelecer sistema de agendamento que evite a seleção de pacientes fora das faixas etárias recomendadas para cada vacina, investir em um bom processo de triagem e garantir um sistema para verificação das primeiras doses aplicadas nos casos de pacientes que buscam a segunda dose.

Preparação – Dar preferência a seringas pré-preenchidas sempre que possível, porém cuidando para que não sejam preparadas doses acima do utilizado a cada dia e rotulando-as imediatamente após a preparação; manter frascos de água estéril em locais separados dos frascos de cloreto de sódio a 0,9% a fim de evitar confusão na diluição das vacinas da Pfizer-BioNTech; separar o preparo de vacinas de diferentes fabricantes; abrir um frasco de vacina por vez.

Administração – Manter um coletor de objetos cortantes para descarte das seringas e agulhas utilizadas; antes da administração, verificar se o volume está correto, se há bolhas de ar e checar o ajuste entre o hub da agulha e a seringa; antes da administração da segunda dose, checar o cartão de vacinação do paciente para garantir a aplicação do imunizante correto no prazo correto; investir na dupla verificação se possível for; descartar imediatamente a seringa e a agulha após a aplicação, evitando deixar o dispositivo sobre a mesa; informar falhas ou mau funcionamento de seringas; preencher o cartão de vacinação do paciente após a administração e, em caso de imunizantes de dose única, cobrir todas as referências à segunda dose a fim de evitar confusão.

Em caso de erros, o paciente deve ser informado, os protocolos definidos pelo órgão responsável devem ser seguidos e o sistema deve investir em ações e estratégias a fim de evitar que aquela falha volte a acontecer.

Cenário Brasil

Após analisar os erros listados em território norte-americano, é importante lembrar que o Brasil tem bom histórico de vacinação por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o que torna o processo de imunização em massa mais natural e conhecido tanto pela população quanto pelos profissionais.

Por aqui, o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19, publicado pelo Ministério da Saúde (2), aponta quatro erros de imunização e condutas que devem ser evitados durante a campanha de COVID-19: extravasamento durante a administração; vacinação de menores de 18 anos; intervalo inadequado entre as doses dentro dos esquemas propostos e administração inadvertida por via subcutânea.

Em junho deste ano a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta (3) para os profissionais de saúde quanto as diferenças de recomendações de armazenamento, preparo, dose e administração das vacinas. Esse alerta traz um quadro comparativo entre os processos de imunização dos quatro imunizantes que, até o momento, estão sendo utilizados no país: Coronavac/Butantan, Fiocruz/Astrazeneca, Wyeth/Pfizer e Janssen-Cilag.

A mídia vem noticiando casos de pessoas que tomaram mais doses do que o devido, burlando o cronograma, e chegou a publicar uma possível falha que teria feito com que milhares de pessoas tivessem recebido imunizantes fora do prazo de validade. Posteriormente, o jornal responsável pela notícia declarou que errou ao não informar que as falhas apontadas na data de validade dos lotes poderiam ser decorrentes de erros no sistema e não na administração dos imunizantes.

Referências:

(1) Any New Process Poses a Risk for Errors: Learning from 4 Months of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Vaccinations

(2) Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19

(3) Anvisa alerta profissionais de saúde para as diferenças no processo de vacinação entre as vacinas contra a COVID-19

 

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