O Centro de Investigações sobre o Câncer (CIIC), órgão da OMS – Organização Mundial da Saúde especializado na doença, avaliou quanto o consumo de carne vermelha e processada está ligado ao desenvolvimento do câncer em direcionamento publicado em 26 de outubro de 2015.
O resultado apontou a ingestão de carne vermelha como provavelmente cancerígena para humanos e a carne processada como cancerígena, baseada na evidência de que o consumo causa câncer colorretal. “Para um indivíduo, o risco de desenvolver câncer colorretal pelo consumo de carne processada segue sendo pequeno, mas esse risco aumenta com a quantidade de carne consumida”, diz o Dr. Kurt Straif, chefe do Programa de Monografias do CIIC. “Em vista do grande número de pessoas que consome carne processada, o impacto global sobre a incidência do câncer é de importância para a saúde pública”, completa.
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O que a OMS entende por:
- Carne vermelha: todos os tipos de carne muscular de mamíferos, como carne bovina, de porco, cordeiro, cabra ou cavalo.
- Carne processada: refere-se à carne que tenha sido transformada através de salinização, fermentação, defumação ou outros processos para melhorar sabor ou conservação. A maioria contém carnes de porco e bovina, mas também outras, como aves, miudezas ou derivados. Exemplo: presunto, salsicha, carne enlatada, carne curada ou seca, molhos, temperos de carne.
Palavra de nutricionista
Para comentar a definição da OMS, que pareceu rígida demais para boa parte da população, o IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente conversou com a nutricionista de Porto Alegre Denise Entrudo Pinto, especialista em Nutrição Esportiva e Treinamento Físico pela UNISINOS e mestre em Ciências Médicas pela UFRGS. E ela foi enfática: “Sempre fiz a exclusão desses produtos”. Confira:
IBSP – Na sua avaliação, o consumo de carne vermelha e carne processada podem comprometer a saúde e levar ao câncer? Ou somente o excesso pode ser prejudicial?
Denise Entrudo Pinto – Temos que analisar qual o excesso. Atualmente, as pessoas ingerem embutidos no mínimo duas vezes ao dia e as crianças são expostas a esses alimentos desde cedo. Muitas vezes, os pais em vez de proporcionarem um jantar com arroz, feijão, carne e salada acabam substituindo por um sanduíche de presunto/peito de peru e queijo, por pura falta de tempo. No meu entendimento, não seria o excesso e, sim, a exposição crônica que pode levar ao câncer.
IBSP – A partir dessa diretriz da OMS, você recomenda a exclusão das carnes processadas como salsicha, linguiça e bacon de uma alimentação saudável?
Denise – Na minha conduta nutricional sempre fiz a exclusão desses produtos. Um peito de peru tem na sua composição fumaça líquida, glutamato monossódico e maltodextrina, assim como outros componentes. Como nutricionista e profissional na área da saúde não vejo o porquê indicar esses embutidos.
IBSP – Como o nutricionista deve orientar seus pacientes visando saúde e segurança?
Denise – Sempre oriento quanto ao consumo de produtos industrializados. Explico a importância de consumirmos alimentos mais naturais e adequar a ingestão de frutas e vegetais. Estamos em uma época na qual as pessoas buscam substituir os alimentos por suplementação/cápsulas/shakes. E isso é prejudicial.
IBSP – O consumo de carne vermelha é importante em uma alimentação equilibrada?
Denise – É importante analisar o paciente de forma individual. Para alguns, a carne vermelha será indicada e, para outros, não. A carne vermelha tem um fator pró-inflamatório bem alto e para aqueles pacientes cuja inflamação irá influenciar no quadro clínico teremos que reduzir o consumo, mas não cortar. A não ser que a pessoa já venha com alguma restrição como vegetarianismo ou veganismo.
IBSP – Na alimentação infantil, normalmente se recomenda a ingestão de carne vermelha rotineiramente, inclusive para suprir a necessidade de ferro nessa fase da vida. Como proceder?
Denise – Infelizmente, a recomendação da alimentação para as crianças raramente é feita pelo nutricionista. E existem alguns mitos quanto à alimentação infantil. Na verdade, o ideal é que a criança consuma de tudo, como arroz, feijão, carnes. Não é interessante que se restrinja a alimentação.
IBSP – Em suma, é importante que o paciente seja orientado por um profissional especializado e que conheça seu histórico de saúde?
Denise – A escolha da carne não processada e sua frequência de consumo devem ser calculadas pelo nutricionista de acordo com a individualidade do paciente.
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