A segurança da cadeia terapêutica medicamentosa passa, impreterivelmente, pelo time de farmacêuticos dos hospitais, o que leva esses profissionais a assumirem uma postura estratégica na interface entre médico, enfermagem e paciente.
Estudo da Escola de Farmácia da Universidade de Bradford (1), nos Estados Unidos, sugere que até 11,4% das internações hospitalares estão relacionadas à terapia medicamentosa do paciente e uma análise feita em 49 hospitais afirma que as reações adversas a medicamentos foram responsáveis por até 21,7% das internações: 71,5% por conta de efeitos colaterais; 16,8% devido à uso excessivo; e 11,3% por reações de hipersensibilidade.
Dentro deste contexto, o Hospital Israelita Albert Einstein publicou um artigo (2) que conclui que o serviço de farmácia clínica tem impacto positivo no ambiente hospitalar, promovendo o uso racional de medicamentos e aumentando a segurança do paciente. Segundo o texto, a inclusão de farmacêuticos nas equipes multidisciplinares é fundamental para a qualidade do atendimento.
>> Saiba qual o papel do farmacêutico no contexto de segurança do paciente
Citando estudos do Children’s Hospital Medical Center e da Cooper University Health Care, ambos dos Estados Unidos, o artigo assinado pelo hospital brasileiro reforça a tese de que o farmacêutico tem, inclusive, participação ativa na prescrição de agentes antimicrobianos, angariando papel fundamental na seleção de microrganismos resistentes. Segundo a publicação, um estudo internacional mostrou que um farmacêutico atuando em uma unidade de terapia intensiva foi capaz de reduzir em 66% os eventos adversos evitáveis. Fator extremamente importante, visto que eventos adversos estão diretamente associados a ampliação do tempo de permanência na unidade hospitalar e, consequentemente, ao maior risco de morte.
Quais são as atribuições clínicas do farmacêutico?
A resolução nº 492, de novembro de 2008, publicada pelo Conselho Federal de Farmácia (3), regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde. A legislação sugere que são atribuições do farmacêutico a gestão; o desenvolvimento de infraestrutura; o preparo, a distribuição, a dispensação, a informação e o controle de medicamentos e produtos para a saúde; a otimização da terapia medicamentosa; e a educação e pesquisas permanentes.
Além disso, a resolução indica, na assistência farmacêutica, 22 competências do farmacêutico, entre elas:
- Participar das decisões relativas à terapia medicamentosa, tais como protocolos clínicos, protocolos de utilização de medicamentos e prescrições;
- Executar as operações farmacotécnicas;
- Desenvolver e participar de ações assistenciais multidisciplinares;
- Realizar ações de farmacovigilância, tecnovigilância e hemovigilância no hospital e em outros serviços de saúde, notificando as suspeitas de reações adversas e queixas técnicas às autoridades sanitárias competentes;
- Desenvolver ações de gerenciamento de riscos hospitalares;
- Prevenir e/ou detectar erros no processo de utilização de medicamentos;
- Orientar e acompanhar auxiliares na realização de atividades nos serviços de farmácia hospitalar, treinando-os e capacitando-os.
>> Guardião das medicações, farmacêutico ajuda a garantir segurança aos pacientes nos hospitais
Casos e cenários – A Associação Americana de Farmacêuticos disponibilizou uma publicação (4) em seu portal na Internet inteiramente dedicada a tratar do impacto dos farmacêuticos na segurança dos pacientes. O documento traz, inclusive, alguns cenários que mostram a atuação desses profissionais em situações específicas que poderiam prejudicar os pacientes.
Utilizando sua expertise para resolver problemas relacionados a medicamentos, os farmacêuticos podem desempenhar um papel extremamente valioso na cadeia de cuidados com a saúde. Um dos casos listados nesta publicação refere-se à um paciente diabético que utiliza, há dois anos, a mesma dosagem de um mesmo medicamento e que está com os níveis de glicose no sangue descontrolados mesmo com manutenção adequada da dieta e prática regular de atividade física.
Mediante este cenário, o farmacêutico conversou com o paciente para entender qual era sua rotina, analisou os exames laboratoriais previamente solicitados pelo médico responsável, verificou qual seria a combinação mais apropriada das possibilidades medicamentosas e quais as doses recomendadas e orientou o paciente quanto à utilização adequada. Como resultado, o paciente recebeu uma terapia mais coerente com o seu caso individual e o farmacêutico contribuiu para redução do número de pacientes utilizando as unidades de pronto-atendimento, bem como melhorando a qualidade de vida daquele indivíduo e minimizando os impactos financeiros no sistema de saúde.
>> 3º Seminário Integrado de Farmácia Clínica – FACLIN-IBSP
O 3º Seminário Integrado de Farmácia Clínica, evento que será realizado dia 29 de novembro em São Paulo por uma parceria entre o IBSP e a FaClin Santa Paula, trará um dia inteiro de conteúdos direcionados a profissionais que atuam no segmento.
Entre 14h e 17h será realizado o Núcleo de Gestão de Farmácia Clínica e Hospitalar. Dividido em duas partes, o painel debaterá temas significativos e relevantes como, por exemplo, assistência ao paciente não crítico; gerenciamento de risco e indicadores de qualidade; central de diluição; e limites e desafios da prática clínica.
Estarão envolvidos nas apresentações especialistas de grandes redes hospitalares como Santa Paula, Sírio-Libanês, INCOR e HC – FMUSP, além de profissionais de institutos e empresas parceiros. As inscrições seguem abertas e podem ser feitas clicando AQUI.
Referências:
(1) Clinical pharmacy in primary care
(2) Implementation and progress of clinical pharmacy in the rational medication use in a large tertiary hospital
(3) Conselho Federal de Farmácia – Resolução nº 492 de 26 de novembro de 2008
(4) Pharmacists’ Impact on Patient Safety
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0