Aliar teoria à prática na formação do farmacêutico é o caminho para se construir um cuidado multidisciplinar de qualidade
A formação do profissional oriundo do curso de farmácia, no geral, é muito teórica, faltando ênfase à parte prática. Isso significa que o farmacêutico sai da graduação com alguns déficits, que acabam sendo preenchidos por cursos direcionados à realidade de trabalho.
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O consultor de projetos e farmacêutico do IBSP, Paulo Henrique de Oliveira, explica o cenário educacional da área e propõe alternativa.
IBSP – Como enxerga a formação do farmacêutico no Brasil?
Paulo Henrique de Oliveira – Acredito que a formação está um pouco aquém daquilo que necessitamos dentro de um ambiente profissional. Hoje, o farmacêutico que vem das universidades tem um embasamento bastante teórico sobre a profissão, porém, na prática, ele deixa a desejar. É fácil exemplificar: ele sai da faculdade e já procura cursos de pós-graduação para tentar buscar um espaço maior dentro do mercado.
IBSP – Como mudar este cenário?
Paulo Oliveira – Existe um grande movimento no Brasil para que a formação do farmacêutico esteja voltada um pouco mais à prática. O próprio corpo docente precisa estar mais alinhado a esta necessidade e acredito que as universidades já estão buscando professores com uma experiência considerável, ou seja, aqueles profissionais que já estiveram lá na ponta trabalhando em prol do paciente, que geriram uma unidade de farmácia, que se aperfeiçoaram no tema.
IBSP – Aliar teoria e prática irá se refletir lá na frente?
Paulo Oliveira – Veremos que isso vai refletir na hora que esse profissional for para o mercado de trabalho e realmente tiver que assistir o seu paciente e tiver que contribuir dentro de uma equipe multidisciplinar, interagindo com médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Então, considero que é muito importante inserir um pouco mais de um conteúdo prático na formação do profissional farmacêutico.
IBSP – Como avalia a grade curricular do curso de farmácia, levando em conta instituições de ensino privadas e públicas?
Paulo Oliveira – A grade curricular varia muito pouco de uma instituição para outra ou mesmo de uma universidade pública para uma particular. Porém, o que realmente falta é o corpo docente conseguir trazer vivências da sua prática, alinhando isso com a teoria que precisa ser passada em sala de aula, ou seja, a teoria que a grade curricular estabelece. Isso já vai trazer uma visão maior para o formando, para o futuro.
IBSP – A formação ainda é voltada para parte administrativa da farmácia?
Paulo Oliveira – A formação do farmacêutico é bastante analítica, já que nos primórdios da profissão ela foi muito direcionada à área administrativa aqui no Brasil. O profissional só vai perceber que ele também é parte integrante da área clínica no momento em que ele procurar saber um pouco mais sobre farmácia clínica.
IBSP – Caso contrário, ele vai ser apenas um dispensador de medicamentos?
Paulo Oliveira – O farmacêutico ainda está voltado para a parte de administrativa, para controlar os estoques, ver se os insumos estão faltando ou não da terapia do paciente enquanto internado. Então, o que a gente precisa hoje é inserir cada vez mais esse profissional farmacêutico dentro desse contexto multidisciplinar para que ele, com o seu conhecimento, possa buscar o seu espaço dentro de uma equipe de saúde, valorizando a sua profissão.
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