O novo consenso é mais abrangente e genérico, sendo relevante para ambientes hospitalares em países de baixa e média renda
Em hospitais espalhados pelo mundo, os infectologistas estão introduzindo os chamados programas de Antimicrobial Stewardship para usar terapias antimicrobianas de forma mais gerenciada. Esses programas incluem um conjunto coerente de ações que promovem o uso de antimicrobianos de forma a garantir o acesso sustentável a uma terapia eficaz para todos os que deles necessitam. Um grupo de especialistas internacionais, liderado por pesquisadores do Centro de Dinâmica de Doenças, Economia e Política (CDDEP) na Índia e da Universidade de Lorena, na França, definiu pela primeira vez um conjunto padronizado de ações que são relevantes para todos os hospitais ao redor do mundo, a fim de preservar a eficácia dos antimicrobianos e limitar o surgimento de resistência antimicrobiana.
O grupo de especialistas internacionais selecionou sete elementos principais e 29 itens de lista de verificação relacionados que descrevem os padrões essenciais e mínimos para programas de Antimicrobial Stewardship baseados em hospitais aplicáveis tanto em países de alta renda quanto de baixa e média renda. Os elementos centrais incluem a liderança sênior da gestão hospitalar focada na gestão de antimicrobianos, prestação de contas em relatórios e responsabilidades, conhecimentos disponíveis em gerenciamento de infecções, educação e treinamento prático. Eles também incluem outras ações que visam o uso, o monitoramento e a vigilância antimicrobiana gerenciada, bem como relatórios e feedback em uma base contínua.
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A atual ausência de uma definição universal para a Antimicrobial Stewardship impede a implementação de tais programas globalmente, especialmente em países de renda baixa e média, explica a Dra. Céline Pulcini, professora de doenças infecciosas no Hospital Universitário de Nancy e na Universidade de Lorraine, na França, que também é secretária do Grupo de Estudo da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID) para o manejo antimicrobiano (ESGAP).
“Esperamos que este trabalho seja útil para aqueles que desenvolvem diretrizes de manejo nacional em seus respectivos países”, disse infectologista Céline Pulcini.
“Tais elementos centrais também podem ajudar a monitorar efetivamente a implementação de programas de manejo antimicrobiano em hospitais. Este é um consenso que é aplicável em todo o mundo e não apenas em países de alta renda. A resistência antimicrobiana é um problema global que necessita de soluções globais, em benefício dos pacientes e do bem maior. Todos os hospitais devem ser capazes de implementar um conjunto de estratégias essenciais da Antimicrobial Stewardship”, complementa a Dra. Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista brasileira integrante do projeto e professora Titular do Departamento de Medicina Tropical da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Embora a lista proposta se pareça com a dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos em alguns pontos, esse novo documento de consenso é mais abrangente e genérico e é relevante para ambientes hospitalares em países de baixa e média renda. Além disso, a lista pode ser modificada e usada para fins de certificação, benchmarking ou desempenho.
O grupo de especialistas envolvido neste trabalho consistiu de um time internacional de 15 especialistas de 13 países em seis continentes. Eles incluem pesquisadores da Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, China, Índia, Quênia, Holanda, África do Sul, Suíça, Tailândia, Reino Unido e Estados Unidos, todos com experiência prática de Antimicrobial Stewardship em países de baixa e média renda. No Brasil, a infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, consultora do IBSP, integra este time de especialistas.
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