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Higiene bucal: qual é o protocolo ideal para o paciente na UTI?

Higiene bucal: qual é o protocolo ideal para o paciente na UTI?
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A boca é a porta de entrada de muitas infecções respiratórias em pacientes que estão sob ventilação mecânica. Por suas características de temperatura, umidade, pH e oferta de nutrientes, ela é reservatório natural de algumas bactérias que, se aspiradas, podem causar pneumonia quando em contato com secreções no pulmão (1). Por isso, os estudos mostram que a higiene bucal adequada evita até 56% das infecções respiratórias (2).  Como seria o protocolo ideal de limpeza? É isso que os especialistas estão discutindo agora (continua).

Dentistas examinam paciente: higiene bucal na UTI previne infecção, mas ainda faltam padrões (Bigstock)
Dentistas examinam paciente: higiene bucal na UTI previne infecção, mas ainda faltam padrões (Bigstock)

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Durante 23º Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, que aconteceu no final de novembro, a revisão dos protocolos de higiene bucal foi o tema de uma das mesas. No próximo ano, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) deve discutir a padronização de um protocolo de higiene bucal para unidades de terapia intensiva (UTIs). Hoje, a profilaxia não é padronizada no Brasil: em cada hospital o procedimento é feito de uma maneira e com ferramentas diferentes. “Há locais em que são usadas escovas dentárias, outros fazem a limpeza com gaze”, afirma a cirurgiã-dentista Celi Novaes Vieira, professora de periodontia da Universidade de Brasília e Presidente do Departamento de Odontologia Intensiva da AMIB. Os enxaguantes antimicrobianos às vezes não são usados por não estarem disponíveis.”

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Como as condições e necessidades de cada paciente são muito diferentes entre si, formalizar um único protocolo é uma tarefa difícil. O ideal seria que, ao dar entrada na UTI, o paciente fosse examinado por um dentista para que ele avaliasse e cuidasse de condições que podem representar riscos, como dentes moles, infecções, cáries ou estruturas cortantes presentes em ganchos de próteses removíveis. O dentista também é responsável por fazer uma desinfecção bucal total (Full Mouth Disinfection), antes de estabelecer a rotina diária de higiene. “Só depois do atendimento odontológico é possível estabelecer um protocolo de limpeza de rotina a ser praticado pelo enfermeiro ou técnico,” diz Celi.

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Desse protocolo de higiene diário deve constar um sistema de limpeza e remoção do substrato com gaze seca, limpeza com água destilada e aplicação de enxaguante bucal antimicrobiano. Esses cuidados podem ser feitos pelos técnicos de enfermagem e enfermeiros. Caso o paciente apresente problemas odontológicos, como uma cárie, o dentista entra novamente em ação.

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O uso de agentes desinfetantes, como a clorexidina, deve ser pontual, para evitar resistência, e precisa ser feito da maneira adequada, para ser eficaz. O papel da clorexidina é prevenir a adesão de patógenos na superfície bucal, mas ela não é capaz de destruir o biofilme já existente, a placa de bactérias aderida às estruturas bucais. Apenas a fricção consegue, daí, a importância da escovação ou da limpeza com gaze antes do uso da clorexidina. Como a língua é um dos principais lugares de crescimento microbiano, é preciso limpar mecanicamente o dorso lingual, onde ficam as papilas gustativas, antes de aplicar clorexidina.

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Os cuidados bucais não devem se restringir somente às estruturas dentárias. A boca do paciente não pode ser aberta antes de ser feita uma limpeza e lubrificação na área externa. A descontaminação é importante para evitar que os microrganismos que por ventura estejam na pele do paciente entrem e contaminem a parte interna. A lubrificação pode ser feita com loção oleosa dermoprotetora ou óleo de coco. Pacientes que não têm dentes também precisam receber os mesmos procedimentos de limpeza porque os resíduos de alimento podem fazer as bactérias se fixarem em tecidos moles.

Por Ana Helena Rodrigues

SAIBA MAIS

(1) Scannapieco FA, Stewart EM, Mylotte JM. Colonization of dental plaque by respiratory pathogens in medical intensive care patients. Crit Care Med 1992;20(6):740-5.

(2) Bellissimo-Rodrigues WT, Menegueti MG, Gaspar GG et al. Effectiveness of a dental care intervention in the prevention of lower respiratory tract nosocomial infections among intensive care patients: a randomized clinical trial. Infect Control Hosp Epidemiol 2014 35: 1342–1348.

 

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