Promover a segurança do paciente é papel de todos os cidadãos envolvidos no ciclo do cuidado: profissionais de saúde, indústria, pesquisadores, professores, formuladores de políticas públicas e o próprio paciente. Para alavancar as discussões sobre o tema, garantindo maior conscientização das sociedades e reduzindo os riscos nas internações, a OMS (Organização Mundial da Saúde) lança uma nova campanha.
Intitulada “Segurança do Paciente: uma prioridade global de saúde”, a campanha foi traduzida pela SOBRASP (Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente), e pede para que todos unam suas vozes. Com o slogan “Fale pela segurança do paciente”, o projeto incentiva o diálogo.
O panorama mundial hoje traz números alarmantes que ratificam a necessidade de todos trabalharem para a redução dos riscos e dos erros nos cuidados de saúde. Todos os anos, 134 milhões de eventos adversos ocorrem devido a cuidados inseguros em países de baixa e média renda, o que contribui para que 2,6 milhões de pessoas venham à óbito anualmente.
Estima-se que 1 em cada 10 pacientes internados em países de alta renda sofre algum dano e que 1 em cada 4 atendimentos na atenção primária e ambulatorial resulta em dano ao paciente. Porém, desse montante, 80% são evitáveis.
Para melhorar essas estatísticas garantindo ambientes de saúde muito mais seguros e pacientes com cuidado muito mais otimizado, humanizado e de qualidade, é preciso discutir estratégias a nível mundial.
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17 de setembro – Dia Mundial da Segurança do Paciente
Em maio de 2019, estados-membros na 72ª Assembleia Mundial de Saúde estabeleceram 17 de setembro como o Dia Mundial da Segurança do Paciente para engajar todos os envolvidos no ciclo de cuidados a promover maior segurança do paciente nos ambientes de saúde.
Medicamentos
Ainda dentro da campanha “Segurança do Paciente: uma prioridade global de saúde” e considerando que erros de medicação geram custo aproximado de US$ 42 bilhões por ano, a OMS disponibilizou três relatórios técnicos sobre segurança de medicamentos que poderão basear ações iniciais focadas em proteger pacientes e maximizar o benefício da medicação.
O relatório Medication Safety in Transitions of Care, aborda a administração de medicamentos ao longo da jornada do paciente entre a admissão e a alta hospitalar. O material fomenta estratégias para garantia de processos mais estruturados, melhorias na força de trabalho e na qualidade das informações, bem como parceria com pacientes e familiares para minimizar os riscos de erros durante os diversos deslocamentos do paciente dentro do ambiente de saúde.
Já o relatório Medication Safety in Polypharmacy trata da polifarmácia e da adoção de uma abordagem centrada no paciente a fim de garantir que os medicamentos sejam apropriados para cada caso gerando benefícios sem danos. O estudo destaca a importância de priorizar a segurança do paciente e a qualidade das prescrições medicamentosas, fornecendo orientações e detalhamentos sobre o papel do paciente e também da equipe multidisciplinar vinculada a ele.
Por fim, o terceiro relatório nomeado Medication Safety in High-risk Situations reforça que situações de alto risco estão frequentemente associadas a danos por práticas inseguras ou erros de medicação. No documento estão descritos os principais fatores que levam a situações de alto risco e como esses fatores, isolados ou combinados, podem reduzir a segurança do paciente.
>> Medicamentos de alto risco: medidas da OMS para prevenção de erros de medicação
Importância da educação continuada
Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul consolidada em 2016 analisou as estratégias adotadas para a construção da cultura da segurança do paciente na perspectiva dos profissionais de saúde.
O estudo de caso qualitativo e exploratório entrevistou 23 profissionais atuantes em hospitais públicos de ensino, concluindo que é preciso reconhecer os erros, fortalecer o trabalho em equipe, estimular a educação permanente e inserir o tema na formação profissional.
Os participantes apontaram a educação continuada como uma das principais estratégias para implementação de uma cultura de segurança, sugerindo como possibilidades educativas treinamentos em serviço por meio de palestras, cursos e aulas teóricas.
O material afirma, ainda, que em um hospital universitário de Porto Alegre (RS) houve aumento das taxas de adesão à verificação de identificação do paciente após a realização de estratégias educativas, entre elas a distribuição de vídeos, cartazes e folders e cursos na modalidade EAD (Ensino à Distância), atividades que contribuíram para reforçar a rotina e a consolidação de práticas que fortalecem a segurança dos pacientes na instituição.
Referências:
Educação para cultura da segurança do paciente: Implicações para a formação profissional
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