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Infecção do sítio cirúrgico – Evento prevenível com alto impacto para o paciente

Infecção do sítio cirúrgico – Evento prevenível com alto impacto para o paciente
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IBSP: Segurança do Paciente - Infecção do sítio cirúrgico – Evento prevenível com alto impacto para o pacienteAs infecções de sítio cirúrgico representam cerca de 20% de todas as infecções hospitalares adquiridas1 nas instituições norte-americanas e, por esse motivo, merecem atenção redobrada. São eventos que podem exigir procedimentos cirúrgicos adicionais, cuidados intensivos e podem, também, resultar em maior morbimortalidade 2.

Segundo dados do relatório Healthcare-associated infections: surgical site infection 2, publicado em 2017 pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, a União Europeia confirmou 10.709 infecções de sítio cirúrgico em um total de 568.479 procedimentos cirúrgicos realizado em 2015, sendo que a porcentagem de infecções a cada 100 cirurgias variou de 0,6% a 9,6% dependendo do tipo de procedimento. Considerando que muitas infecções somente se manifestam após a alta, esse número deve ser ainda mais relevante.

Essas infecções são classificadas em três categorias: incisional superficial, quando atinge a pele e/ou o tecido subcutâneo; incisional profunda, quando atinge fáscia e músculos; e órgão/cavidade quando acomete qualquer parte da anatomia aberta ou manipulada no ato cirúrgico como, por exemplo, órgãos e espaços3.

Impactos negativos – As infecções de sítio cirúrgico aumentam até 11 vezes o risco de mortalidade4 e, apesar da maioria dos pacientes se recuperar sem sequelas graves, 77% da mortalidade em pacientes infectados pode ser relacionada à própria infecção4.

Além dos males diretos ao paciente, as infecções de sítio cirúrgico geram um alto custo aos sistemas de saúde. Nos Estados Unidos, o setor afirma que a despesa gerada por infeções do sítio cirúrgico chega a US$ 10 bilhões anuais, tudo isso devido ao prolongamento da estadia – estudos4 mostram que a permanência dos pacientes acometidos por infecções do sítio cirúrgico aumenta em 9,7 dias, resultando em um custo de internação superior a US$ 20 mil por admissão –, às visitas às emergências pós-alta, e às readmissões.

Fatores de risco – São diversos os fatores de risco para infecções de sítio cirúrgico4 e, por isso, é necessário manter o assunto em pauta. Entre os fatores de risco potencialmente modificáveis estão controle glicêmico e diabetes, dispneia, tabagismo, consumo de álcool, albumina pré-operatória, bilirrubina total, obesidade e imunossupressão. Já entre os não modificáveis podem ser citados o aumento da idade do paciente, tratamento recente com radioterapia e histórico de infecção da pele ou tecidos moles. No pré-operatório, é preciso estar atento a infecções preexistentes, preparação inadequada da pele, tricotomia e administração de antibiótico profilático quando recomendado.

É preciso elencar, também, os fatores de risco diretamente relacionados aos procedimentos cirúrgicos como cirurgia de emergência, cirurgia complexa e classificação da cirurgia segundo o potencial de contaminação; e intraoperatórios como necessidade de transfusão de sangue, manutenção da assepsia, ampliação do tempo de cirurgia, luvas de má qualidade e hipotermia. As instalações hospitalares também devem ser analisadas a fim de reduzir o risco de infecções, sempre verificando se há ventilação adequada, limitação do tráfego dentro da sala de cirurgia, e reprocessamento eficiente dos materiais cirúrgicos.

Além disso, o mundo está passando por um processo de inversão da pirâmide etária que desperta ainda mais preocupações com as infecções de sítio cirúrgico em pacientes idosos, visto que adultos mais velhos têm risco aumentado de infecção devido à maior junção de comorbidades e alterações do sistema imunológico.

Tabagismo – O ato de fumar está, também, associado ao maior risco de infecções do sítio cirúrgico, visto que o cigarro pode levar à vasoconstrição chegando a desencadear hipovolemia e hipóxia. Segundo relatado no estudo American College of Surgeons and Surgical Infection Society: Surgical Site Infection Guidelines4, independentemente do tipo de cirurgia, fumantes correm mais risco (e ex-fumantes estão mais suscetíveis a infecções do sítio cirúrgico do que pacientes que nunca fumaram).

Para cirurgias eletivas, os pacientes devem ser aconselhados a se abster do cigarro por um período mínimo de quatro a seis semanas antes da data do procedimento a fim de reduzir o risco.

>> Diretrizes globais da OMS para prevenção de infecção de sítio cirúrgico

Diretrizes sempre atualizadas – A OMS se responsabiliza por manter atualizadas as diretrizes6 globais para prevenção de infecção de sítio cirúrgico. Válidas para qualquer nação e levando em consideração as principais evidências científicas disponíveis na literatura, essas diretrizes envolvem recomendações no pré-operatório, no intra-operatório e nos pós-operatório.

O estudo de revisão “A ocorrência de infecção de sítio cirúrgico”7 também lista as principais medidas para evitar a infecção de sítio cirúrgico, apontando, inclusive, a importância do acompanhamento pós-alta para detecção precoce de infecção do sítio cirúrgico e a utilização de protocolos para prevenção.

IBSP: Segurança do Paciente - Infecção do sítio cirúrgico – Evento prevenível com alto impacto para o paciente

Referências:

1. The Epidemiology and Clinical Impact of Surgical Site Infections in the Older Adult

2. Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças – Healthcare-associated infections: surgical site infection

3. Riscos e Complicações Associadas à Infecção do Sítio Cirúrgico: Um Estudo de Coorte

4. American College of Surgeons and Surgical Infection Society: Surgical Site Infection Guidelines

5. The effect of surgical site infection on older operative patients

6. Global Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection

7. A ocorrência de infecção de sítio cirúrgico – Estudo de revisão

 

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