Cirurgias do lado errado
Casos de pessoas que foram submetidas a cirurgias do lado errado do corpo não são exatamente uma raridade. Elas chegam aos noticiários de tempos em tempos com uma carga de julgamentos da opinião pública, que passa a desacreditar da competência e empenho de toda uma equipe médica.
“Existem diversos fatores envolvidos nesse tipo de erro, como problemas estruturais, com treinamento de pessoas e processuais”, explica a anestesiologista Raquel Marcondes Bussolotti, gerente médica do Centro Cirurgico do A.C.Camargo Cancer Center.
Mas o que mais influencia nesse tipo de evento costuma ser a falta de esclarecimento sobre a importância de se discutir a segurança do paciente. Transformar o assunto em um tabu acaba impedindo que medidas sejam tomadas para que novos erros não aconteçam. “É necessário reconhecer sempre que o erro pode acontecer, que existem fatores que predispões ao erro e que é possível melhorar processos para mitigar riscos por meio de ferramentas e do envolvendo integrado da equipe multidisciplinar”, diz Raquel.
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Por conta disso, até os dados para contabilizar e mensurar o problema são escassos e imprecisos. “No Brasil não ocorre divulgação sistêmica de dados relacionados a esse tema. Temos um gap de subnotificação de eventos no Brasil e no mundo. A notificação permitiria avaliar de forma geral os danos causados aos pacientes, os prejuízos para as Instituições e também para a Saúde Pública”, opina.
Checar para evitar
Esses eventos adversos podem cair drasticamente em hospitais com sistemas rigorosos de checagem e com equipe bem treinada. “Cada serviço deve avaliar e mapear o seu processo de atendimento ao paciente cirúrgico, encontrar quais são os principais pontos de risco e implementar a lista de verificação de segurança recomendada pela OMS”, diz a médica.
No A.C. Camargo Cancer Center, por exemplo, o protocolo indica checagem em pelo menos três momentos do atendimento. “O hospital atua com base em um protocolo documentado para cirurgias seguras, que segue a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS e recomendações do Canadian Patient Safety Intitute. O protocolo requer que a verificação no pré-operatório colete informações antes do início do procedimento (sign in); antes da incisão da pele (time-out); e antes do paciente deixar a sala (sign out)”, conta a profissional.
Outro procedimento que pode ser adotado é a separação dos pacientes de acordo com a lateralidade de sua cirurgia. “O processo do checklist e suas barreiras devem ser reavaliados constantemente para que a segurança do paciente se torne realmente efetiva. Um exemplo disso foi a adoção pelo A.C.Camargo da barreira da lateralidade, ou seja, os pacientes são demarcados antes de serem encaminhados ao Centro Cirúrgico, na Unidade de Internação. Desta forma, é possível ter 100% de efetividade na demarcação da lateralidade”, finaliza.
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