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Madri publica estudos decifrando os eventos adversos no país 

Madri publica estudos decifrando os eventos adversos no país 
Madri publica estudos decifrando os eventos adversos no país
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Taxa de evitabilidade ultrapassa 70% e custos do aumento do tempo de internação podem chegar a 12 mil euros por paciente 

Como constantemente é dito no segmento de segurança do paciente, o que não é medido, não pode ser melhorado. Considerando que eventos adversos reduzem a segurança, aumentam os custos e trazem prejuízos a todos os elos da cadeia, estimar a frequência desses eventos, bem como suas características, impactos e níveis de evitabilidade é o caminho para apostar em ações estratégicas focadas no aumento da qualidade da assistência.  

Um estudo transversal intitulado The Patient Safety Incident Study in Hospitals in the Community of Madrid (ESHMAD) (1) avaliou os eventos adversos ocorridos em 2019 em 34 hospitais públicos da capital espanhola, e chegou a uma prevalência de 11,9%. Ao todo, quase 10 mil pacientes foram incluídos e essa prevalência obtida foi similar a identificada em estudos anteriores que utilizaram a mesma metodologia. 

Como resultado, os pesquisadores identificaram mais eventos adversos nos hospitais de média complexidade (diferentemente do que era imaginado que quanto maior a complexidade maior o risco) e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Além disso, pacientes em pior estado clínico, com mais fatores de risco extrínsecos (principalmente a presença de sonda vesical, cateter venoso central e acesso venoso periférico) e com mais fatores de risco intrínsecos (principalmente a presença prévia de lesão por pressão, hipoalbuminemia, mobilidade reduzida, doença cardiovascular e déficit sensório), tinham maior risco de vivenciar eventos adversos, assim como aqueles que foram admitidos na urgência, os que passaram por intervenções cirúrgicas e os que permaneceram na UTI. 

Entre os tipos de eventos adversos evitáveis mais frequentes na pesquisa estavam infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), complicações após procedimentos e complicações do cuidado (veja exemplos a seguir).  

O estudo também levantou dados importantes:  

  • Infecção do sítio cirúrgico, bacteremia associada a dispositivos invasivos, infecção do trato urinário e pneumonias foram as IRAS mais comuns identificadas; 
  • Lesões por pressão e flebite foram as complicações do cuidado mais identificadas; 
  • 55,2% dos eventos adversos levaram a novo tratamento médico e 18% desencadearam a necessidade de cirurgia adicional; 
  • Em 44,2% dos casos, os eventos adversos aumentaram o tempo de internação; 
  • Pacientes com eventos adversos graves permaneceram no hospital, em média, por mais 23 dias; 
  • 62,8% dos eventos adversos foram considerados moderados ou graves; 
  • 46,9% foram considerados evitáveis, porém muitos prontuários não traziam esse indicador, o que pode fazer com que esse percentual esteja subestimado. 

Posteriormente, outro estudo (2), também de Madrid, utilizou os métodos do ESHMAD para revisar os prontuários eletrônicos de um hospital local de alta complexidade, selecionando os eventos adversos para, posteriormente, classificá-los buscando compreender suas principais características. A avaliação dos dois estudos pode trazer indicadores mais fortes. 

Após as análises de 636 pacientes, esse segundo estudo sugere uma prevalência de eventos adversos de 12,4%, o que é bastante similar aos 11,9% do estudo amplo original. Porém, dessa vez, a taxa de evitabilidade superou 70%. Considerando que no primeiro estudo citado havia muitos prontuários sem essa definição, esse dado de 70% que coincide com outros estudos da literatura, parece mais coerente. 

Outros dados obtidos também ratificam os achados do ESHMAD. Entre eles: 

  • De todos os eventos, 61,1% foram considerados moderados ou graves; 
  • 59,5% dos eventos prolongaram o tempo de internação ou levaram o paciente à reinternação. 

Interessante observar que a segunda análise de Madri relata pontos complementares importantes. Segundo os pesquisadores, o custo econômico direto do aumento de internações decorrente de eventos adversos chega a 12 mil euros por paciente. Além disso, quase todos (99,2%) os eventos adversos desencadearam a necessidade de cuidados de saúde adicionais e 30% dos pacientes que faleceram vivenciaram eventos adversos. 

Os dois estudos, de certa forma, se complementam validando a maior parte dos achados, conforme afirma o Dr. Lucas Zambon, Diretor Científico do IBSP:

Ainda que de uma realidade diferente, estudos como estes da Espanha, mais recentes, reforçam a ideia de que ainda há avanços muito importantes a serem feitos na área de segurança do paciente […] Temos a sensação de ter avançado graças a uma série de ações implementadas na última década, principalmente, dentro dos hospitais. Contudo, as evidências que vem sendo publicadas em mais de um país precisam nos remeter a um olhar mais acurado em nossos serviços, e nós, do IBSP, estamos dispostos a ajudar as organizações de saúde nessa jornada por uma assistência mais segura.

Referências

(1) Adverse events: an expensive and avoidable hospital problem 

(2) Prevalence, characteristics, and impact of adverse events in 34 Madrid hospitals. The ESHMAD study 

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