Abordagem acolhedora do profissional ajuda pacientes que chegam ao consultório com autoestima abalada
Se a calvície masculina em muitos casos é apontada como uma marca registrada e até certo charme, o mesmo não acontece quando o problema acomete mulheres. A Sociedade Brasileira do Cabelo estima que 50% das mulheres tenham alguma queixa relacionada à queda de cabelos. Já a calvície propriamente dita, que é uma rarefação progressiva e definitiva dos fios, atinge 5% da população feminina.
Há muita diferença entre uma simples queda de cabelo e a calvície de fato, mas o que as duas têm em comum é o dano significativo que causam na autoestima das pacientes. Mulheres que detectam o problema chegam ao consultório abaladas, o que pode atrapalhar o diagnóstico. “Muitas vezes o pavor da calvície feminina é tão forte que algumas pacientes chegam a achar que estão com uma queda intensa quando às vezes o quadro é muito leve, inicial, recuperável com medidas simples”, explica Dr. Marcelo Pitchon, cirurgião plástico especialista em transplante capilar.
Por conta disso, a atenção nesse primeiro atendimento deve ser redobrada, já que mais de cem causas podem ser apontadas para calvície feminina ou queda temporária de cabelo. “Dietas altamente restritivas, cirurgias de maior porte, anemias, alterações tireoidianas, doenças malignas, interrupção ou troca de pílulas anticoncepcionais e várias outras causas também podem provocar este distúrbio. Outras causas de queda de cabelo e calvície incluem a alopecia areata, o lúpus eritematoso discoide, alopecia de tração, tricotilomania e várias outras”, enumera o profissional.
Em entrevista exclusiva ao IBSP, Dr. Marcelo Pitchon fala mais sobre causas e formas de diagnóstico para calvície feminina. Confira:
IBSP – Quais são as principais causas da calvície feminina?
Dr. Marcelo Pitchon – Quando usamos popularmente o termo calvície sempre pensamos em um quadro em que o paciente apresenta queda de cabelo que levou a uma perda definitiva. A principal causa de calvície, com queda progressiva e definitiva dos fios em mulheres, e em homens também, é a chamada alopecia androgenética (ou de Padrão Feminino, no caso das mulheres). Outros distúrbios que também provocam queda definitiva em porcentagem bem menor são as alopecias cicatriciais. Já quando usamos a expressão ‘queda de cabelo’ podemos estar falando de quadros com queda temporária e, nesta categoria, a maior causa é o chamado eflúvio telógeno, distúrbio que pode ser provocado por diferentes razões e outros problemas associados.
Por exemplo, o uso de alguns tipos de medicamentos, stress, dietas altamente restritivas, cirurgias de maior porte, anemias, alterações tireoidianas, doenças malignas, interrupção ou troca de pílulas anticoncepcionais e várias outras causas também podem provocar este distúrbio. Outras causas de queda de cabelo e calvície incluem a alopecia areata, o lúpus eritematoso discoide, alopecia de tração, tricotilomania e várias outras. São mais de cem as causas de calvície em mulheres.
IBSP – A calvície feminina pode ser sinais de outros problemas de saúde? Quais?
Dr. Marcelo Pitchon – Sim. Anemias, doenças da tireoide, lúpus, doenças infecciosas como a sífilis, desnutrição, doenças digestivas com perda da absorção de nutrientes específicos, doenças autoimunes, além de muitas outras, podem estar relacionadas com quadros dos mais diversos de queda de cabelo.
IBSP – Quando um profissional recebe a paciente com esse problema, quais os protocolos que ele deve adotar para descartar a calvície como sintoma de alguma doença de ordem não dermatológica?
Dr. Marcelo Pitchon – Mesmo os tipos de quedas restritas apenas ao couro cabeludo são inúmeros e muitas vezes de difícil diagnóstico. Se levarmos em consideração as doenças sistêmicas, o grau de complexidade ainda aumenta muito mais. São essenciais sempre: uma consulta médica detalhada, com tempo, abrangente, com colheita de dados clínicos, que são mais importantes que a maioria dos exames complementares. O exame físico do paciente, com avaliação de todo o couro cabeludo, é crucial, associado à tricoscopia, que é o exame feito com pequenos microscópios com e sem luz polarizada, chamados de dermatoscópios.
Com certa frequência são realizados exames microscópicos do fio do cabelo e pesquisa de microrganismos, como fungos. Pode ser indispensável a realização de uma biópsia do couro cabeludo em casos em que apenas as evidências clínicas não são suficientes para esclarecer o diagnóstico, sendo que, muitas vezes, uma mesma paciente apresenta mais de um tipo de distúrbio de queda de uma só vez.
IBSP – Pacientes com esse problema costumam chegar muito abaladas (em autoestima principalmente) ao consultório? Como essa abordagem?
Dr. Marcelo Pitchon – É comum a mulher ficar muito abalada psicologicamente pela queda de cabelo. Muitas vezes o pavor da calvície feminina é tão forte que algumas pacientes chegam a achar que estão com uma queda intensa quando às vezes o quadro é muito leve, inicial, recuperável com medidas simples. É importante que a paciente se sinta medicamente acolhida, compreendida, para que ela possa superar a situação e colaborar com qual seja a orientação médica. Há casos difíceis, com pouca ou nenhuma opção de tratamento definitivo e precisamos dar todo apoio possível a estas pacientes. Às vezes é muito importante um acompanhamento psicológico ou o início de uma terapia ou análise.
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