Pesquisa conduzida pelo Emergency Care Research Institute (ECRI) confirma que cidadãos de minorias raciais e étnicas estão mais propensos a enfrentar falta de equidade nos atendimentos de saúde, o que aumenta o risco de uma assistência insuficiente e da falta de acesso. Como exemplo, menciona que mulheres negras têm 3,2 vezes mais chances de morrer de complicações relacionadas à gravidez do que mulheres brancas.
Entre os fatores listados pela pesquisa que motivam essas disparidades estão alguns indicadores sociais (como estabilidade econômica, nível escolar, acesso a uma dieta equilibrada e saudável), barreiras geográficas – o que podemos reconhecer também em nosso território, já que vivemos em um país continental – hábitos e comportamentos, falta de compreensão cultural, dificuldades linguísticas e preconceitos.
Para reduzir essas diferenças e garantir uma melhor assistência a todos de forma igualitária, as organizações de saúde devem assumir compromissos de curto e longo prazos que serão refletidos em novos planejamentos estratégicos. Além disso, é importante direcionar recursos para financiamento, contratação, treinamento e implementação de programas focados na equidade em saúde e essas iniciativas devem ser compartilhadas com todos os níveis da organização.
Para completar, é importante ampliar a representatividade. Ou seja, dar oportunidade para que a equipe multidisciplinar seja, também, mais diversa. Isso porque de acordo com a pesquisa, quando o paciente se identifica com o profissional de saúde, a assistência é mais efetiva. Estudo listado na publicação destaca que homens negros atendidos por médicos negros estavam 56% mais propensos a tomar vacina contra a gripe, 47% mais propensos a concordar com o rastreio de diabetes e 72% mais propensos a aceitar a triagem para colesterol do que aqueles que foram atendidos por brancos.
Essa representatividade também promove benefícios para o grupo de trabalho. Ambientes onde há diversidade tendem a apresentar maior satisfação profissional, melhora da criatividade e da inovação, maior competência cultural, vantagens na comunicação, melhor engajamento dos times e menor rotatividade de colaboradores.
Quais eventos têm sido notados?
Os analistas da pesquisa listaram alguns dos principais eventos relacionados às raças ou etnias relatados por organizações de saúde entre 1º de julho de 2019 e 30 de junho de 2020. Entre os destaques estão:
- Comentários inapropriados sobre raças ou etnias advindos de pacientes e acompanhantes
- Acusações de racismo por parte de pacientes
- Relatos de desigualdade no cuidado devido à raça ou etnia
- Solicitação, por parte do paciente, de substituição do profissional de saúde devido à sua raça ou etnia
- Falta de tradução para pacientes com dificuldades linguísticas
O que pode ser feito para reverter esse cenário?
Segundo a pesquisa, existem algumas estratégias que podem ser adotadas para que as organizações de saúde trabalhem para eliminar as desigualdades. Para garantir a equidade em saúde, é preciso:
- Priorizar a equidade em saúde incluindo a temática na missão da organização e em seus planos estratégicos
- Determinar onde estão os principais problemas
- Estabelecer estruturas e processos organizacionais que permitam a detecção de questões relativas a raças e etnias
- Definir áreas para maior direcionamento de recursos e esforços
- Abordar o tema do racismo dentro da organização
- Investir na contratação de uma força de trabalho diversificada buscando sempre maior representatividade
- Educar pacientes, colaboradores e profissionais de saúde sobre equidade
Covid-19 – Durante a pandemia, essa desigualdade tornou-se ainda mais evidente. A análise das taxas de mortalidade pela infecção do novo coronavírus nos Estados Unidos mostrou que os indígenas americanos tinham 2,4 vezes mais chances de morrer do que os brancos nativos americanos. O mesmo acontece com os hispânicos ou latino-americanos, que tinham 2 vezes mais chances de morrer de covid-19.
Referências:
(1) Racial and Ethnic Disparities in Health and Healthcare
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