ESPECIAL IBSP – OUTUBRO ROSA
A atriz Angelina Jolie revelou recentemente que fez a retirada total das mamas após um exame que constatou a possibilidade grande de desenvolver câncer no local. A medida colocou luz na discussão sobre mapeamento genético e procedimentos invasivos como o feito por ela.
De acordo com o Dr. Guilherme Novita, médico mastologista do hospital Albert Einstein e coordenador do serviço de mastologia do Hospital Paulistano, o caso de Angelina ilustra uma situação rara, mas que ocorre em algumas mulheres: a mutação genética do BRCA. Este gene é responsável pela reparação do DNA e, quando mutado, não consegue evitar o surgimento de alguns “defeitos”, tais como o câncer.
“Pelo que acompanhei na mídia, a conduta no caso dela foi bastante adequada. Afinal, ela é uma mulher jovem, com mutação genética e morte da mãe e tia materna por câncer de mama. Como ela tinha um longo período de vida pela frente, com consequente risco de desenvolvimento da doença, a cirurgia foi uma boa opção”, afirma.
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No entanto, o profissional reforça que a intervenção foi adequada, mas foge da regra. “É preciso ressaltar que este é um procedimento de exceção, reservado apenas para mulheres de alto risco e antes dos 50 anos de idade. Vale lembrar que este tipo de cirurgia tem inúmeros efeitos colaterais, a começar pelo resultado estético que nem sempre é o que a paciente deseja”, diz.
Reação em cadeia
Depois da divulgação da cirurgia da atriz, houve um aumento considerável na procura de mulheres pelo procedimento. No entanto, de acordo com Guilherme Novita, cerca de 90% das mulheres (ou mais) não precisavam da cirurgia e optaram por outras medidas preventivas. Outra consequência do caso foi a queda no custo do exame. “O exame já estava disponível desde a década passada”, afirma.
O que ocorreu após este episódio foi o aumento da oferta de laboratórios e a consequente queda no preço do exame. Além disso, a patente do teste foi quebrada e hoje qualquer empresa pode fazer o exame. No Brasil, a Agência Nacional de Saúde incluiu o exame genético na relação de exames a serem cobertos pelo convênio, desde que existam casos na família e avaliação por geneticista. Agora, estamos pleiteando que o exame também possa ser oferecido pelo SUS”, revela o médico.
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A decisão
Mesmo quem não sofre de câncer de mama pode imaginar o quão difícil é decidir pela retirada das mamas. A cirurgia, segundo Guilherme Novita, não deve ser indicada, mas conversada com a paciente. “A decisão deve ser tomada pela paciente, sem pressa, após obter todas as informações necessárias. Muitas vezes, a mulher tem uma ideia exagerada do seu risco e também do resultado estético da cirurgia”, afirma.
Cabe ao profissional munir a paciente de informações claras e seguras. “O mastologista deve explicar detalhadamente qual o risco e quais as medidas preventivas. Mas, a decisão final é sempre da mulher”, conclui.
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