ESPECIAL IBSP – CHECK-UP
Em qualquer relação de mercado a regra é a mesma: quanto maior a procura, mais aquecidas ficam as empresas capazes de oferecer determinado produto. No entanto, na área médica, outros fatores – além dos comerciais – entram na balança, certo? Nem sempre.
Exemplo disso é o que acontece com a promoção dos chamados check-ups, exames que teriam a capacidade de rastrear doenças antes de elas se manifestarem e, consequentemente, possibilitar o tratamento doenças precocemente, melhorando a qualidade e expectativa de vida.
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Investimentos em Saúde
Mas faz sentido investir em pessoas saudáveis em vez de direcionar recursos para pacientes efermos? O Dr. Rodrigo Olmos, Diretor Clínico do Hospital Universitário da USP acredita que não. “É um contrassenso se gastar dinheiro com a promoção de check-ups (intervenção predominantemente para pessoas saudáveis, mas que tem medo de ficar doentes), principalmente sabendo que eles não trazem benefícios, e deixar de investir no atendimento de pessoas que estão com problemas reais (sofrendo, com dor, com falta de ar, com diferentes graus de incapacidade e dependência etc) e investir em quem está saudável”, acredita.
O medo e a ansiedade de pessoas geralmente saudáveis acabam por criar uma onda invertida de demanda nos hospitais. “Um médico generalista inglês (Julian Tudor Hart) nos anos de 1970 enunciou a ‘Lei dos cuidados inversos’, segundo a qual a oferta de cuidados de saúde é muito maior para quem menos precisa, havendo escassez de cuidados para os mais necessitados (ou seja, os mais doentes)”, conta o médico.
Se na década de 1970 esse assunto já era discutido, atualmente essa situação é cada vez mais presente. Dessa forma, vale a reflexão sobre bom senso e parcimônia de profissionais e pacientes na orientação e cuidados com a saúde e bem-estar.
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