A obesidade pode aumentar o risco de ocorrência para 13 tipos de câncer. É o que apontam estudos atuais que relacionam as duas doenças
Segundo o especialista em cirurgia metabólica do Hospital São Luiz, Dr. Roberto Rizzi, as pesquisas mostram que as células de gordura também podem ter efeitos diretos e indiretos sobre vários mecanismos que atuam como reguladores de crescimento de tumores.
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O National Cancer Institute, por meio de pesquisas realizadas dentro do programa Surveillance, Epidemiology, and End Results (SEER), estimou que, em 2007, nos Estados Unidos, cerca de 34 mil novos casos de câncer em homens (4%) e 50.500 em mulheres (7%) foram devido ao excesso de peso. Esse percentual variava para diferentes tipos da doença, mas em alguns casos era alto, chegando aos 40%, especialmente quando se tratava de câncer de endométrio e adenocarcinoma de esôfago.
A pesquisa, explica dr. Rizzi, apontava fatores que podem relacionar as duas doenças. Dentre eles, a de que o tecido gorduroso produz quantidades excessivas de estrogênio, hormônio que tem sido associado com o risco de câncer da mama, do endométrio e alguns outros. Outra questão é que obesos geralmente têm elevados os níveis de insulina e do fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1) no sangue, que podem promover o desenvolvimento de tumores. Além disso, as células de gordura produzem hormônios, chamadas adipocinas, que podem estimular ou inibir o crescimento celular. “Já foi apontado que a leptina é mais presente em pessoas obesas e parece ajudar na proliferação de células, enquanto que a adiponectina, menos abundante em obesos, teria efeitos anti-proliferativos”, diz o médico.
Quais tipos de câncer são afetados pela gordura excessiva?
A pesquisa mostrou que os tipos de câncer mais comuns em pessoas obesas incluem cânceres da mama, intestinos, útero, esôfago, pâncreas, rim, fígado, estômago superior (cárdia), vesícula biliar, ovário, tireóide, mieloma e meningioma. E a lista inclui dois dos tipos mais comuns de câncer – câncer de mama e do intestino – e três dos mais difíceis de tratar – pâncreas, esôfago e de vesícula biliar.
Por que o sobrepeso excessivo é relacionado a tantos tipos de câncer?
As células de gordura no corpo são ativas e produzem hormônios e proteínas que são liberados na corrente sanguínea e transportadas ao redor do corpo. “Eles são distribuídos pela circulação e assim podem afetar várias partes do corpo, e aumentar o risco de vários tipos diferentes de câncer”, lembra Rizzi.
Outra questão é que as células de gordura podem também atrair células do sistema imunológico e estas células liberam substâncias químicas que causam a inflamação de longa duração, o que pode aumentar o risco de câncer.
Mudanças hormonais, excesso de peso e cirurgia metabólica
O fato é que o excesso de gordura mexe com os níveis de hormônios como estrogênio e testosterona e isto pode aumentar o risco de câncer. Já o hormônio insulina, que diz respeito a como nosso o corpo usa a energia do alimento, é encontrado em excesso no corpo de pessoas obesas, o que afetaria os níveis de fatores de crescimento e também interferiria no surgimento de câncer.
“Diante de tantas evidências que apontam haver uma correlação entre o ganho de peso e alguns tipos de câncer, a cirurgia metabólica pode proporcionar a perda de peso e reduzir a mortalidade relacionada à obesidade”, diz o cirurgião. Também o paciente operado pode melhorar ainda diminuir os riscos cardiovasculares e curar casos de diabetes.
A operação também está associada com uma redução significativa da incidência de câncer. “A cirurgia proporciona benefícios diversos. Temos, além de ganho de qualidade de vida e redução de comorbidades como diabetes e hipertensão arterial, a queda dos índices de vários tipos de tumores cancerígenos ”. E segundo ele, quando o tratamento clínico falha é hora de pensar seriamente no cirúrgico. “Manter um peso excessivo pode ser o mesmo que assinar uma sentença de morte, porque a obesidade abre precedentes para várias doenças e agora, como vemos, até para o câncer”.
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