Úlceras diabéticas representam um considerável desafio na prática clínica quando se discute seu tratamento
A Terapia com Oxigênio Hiperbárico (TOHB) é proposta como tratamento adjuvante para melhorar as taxas de cicatrização das úlceras nos pés diabéticos.
Uma revisão sistemática e sua meta-análise, publicadas em 21 de novembro no International Wound Journal/IWJ — disponível para download aqui —, busca avaliar criticamente a eficácia e a segurança da TOHB no manejo de úlceras diabéticas em membros inferiores.
Para isso, uma busca rigorosa busca seguindo as diretrizes PRISMA foi realizada, incluindo ensaios clínicos randomizados (ECRs), os quais avaliaram o impacto da TOHB em úlceras diabéticas.
As medidas de desfecho incluíram cicatrização completa da úlcera, taxas de amputação e reações adversas. A análise, revelou uma melhora significativa nas taxas de cicatrização completa com a TOHB (RR: 3,59, IC95%: 1,56–8,29, p<0,001).
Embora não tenha sido observado impacto estatisticamente significativo nas taxas de amputação, as análises sustentaram a robustez dos resultados principais.
Neste sentido, a TOHB realmente se mostra uma ferramenta terapêutica relevante para promover a cicatrização completa em úlceras diabéticas nos pés, oferecendo um promissor adjuvante aos protocolos de cuidados padrão, assegurando a Segurança do Paciente.
Sobre as úlceras diabéticas
As úlceras diabéticas em membros inferiores são complicações comuns em pacientes com diabetes mellitus mal controlado cronicamente, afetando aproximadamente 6,4% da população diabética global.
Essas úlceras são notórias por suas altas taxas de recorrência, ultrapassando 50% dentro de três anos pós-tratamento.
A neuropatia periférica, doença arterial periférica e infecção localizada contribuem para o surgimento das úlceras, categorizadas como isquêmicas, neuropáticas e neuroisquêmicas.
A hipóxia tecidual, uma característica comum entre essas úlceras, prejudica significativamente o processo de cicatrização, levando a amputações ou complicações fatais.
Modalidades de tratamento modernas incluem o controle glicêmico ótimo, cuidados com a ferida e intervenções como a terapia com oxigênio hiperbárico.
A TOHB — com quase meio século de uso clínico — desempenha um papel crucial na modulação de fatores de crescimento, promoção da angiogênese e na aceleração do processo de cicatrização.
Resultados
De 1445 artigos identificados pela revisão sistemática que estamos apresentando, sete ECRs atenderam aos critérios de inclusão. A meta-análise revelou uma melhora significativa nas taxas de cicatrização completa com TOHB (RR 3,59, IC95%: 1,56–8,29, p<0,001), contudo sem impacto estatisticamente significativo nas taxas de amputação.
O potencial terapêutico
Úlceras diabéticas contribuem significativamente para morbidade e mortalidade, exigindo intervenções terapêuticas preventivas. A TOHB, com sua capacidade de aumentar a oxigenação tecidual, aprimorar a perfusão e estimular a cicatrização, mostra-se um tratamento com plausibilidade para desfechos positivos para os pacientes.
O estudo indica que a TOHB melhora significativamente as taxas de cicatrização completa das úlceras diabéticas nos pés, oferecendo um adjuvante valioso aos cuidados padrão com um perfil de segurança bastante importante. Claro que eventos adversos, como a barotrauma, exigem triagem cuidadosa e monitoramento do paciente, contudo, são situações bastante raras e que podem ser bem gerenciadas.
Avanços promissores no tratamento de úlceras diabéticas nos pés
Não podemos esquecer que, ao menos por hora, as evidências sobre a redução das taxas de amputação são inconclusivas. Embora mais pesquisas sejam necessárias para abordar as limitações e estabelecer protocolos padronizados, os resultados destacam o potencial da TOHB como ferramenta terapêutica relevante no manejo de úlceras diabéticas nos pés.
Estudos futuros devem se concentrar em subgrupos de pacientes mais responsivos à TOHB, garantindo sua ampla adoção clínica e otimizando os resultados para indivíduos com úlceras diabéticas nos pés.
Referência
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