As intervenções para o cuidado materno e neonatal seguros – definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o tema do Dia Mundial da Segurança do Paciente de 2021 – seguem sendo desenvolvidas em todo o mundo.
No Brasil, a Aliança para o Parto Seguro e Respeitoso, coalizão de entidades da qual o Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) faz parte, protocolou junto ao Ministério da Saúde uma carta de intenções (1) que estabelece diretrizes para a assistência segura às gestantes e neonatos. Essa carta traz as principais medidas para redução da mortalidade como, por exemplo, garantir acesso a leitos para o cuidado obstétrico e neonatal de alto risco por meio de regulação efetiva.
Enquanto isso, nos EUA, o Institute for Healthcare Improvement (IHI) segue com a Better Maternal Outcomes, uma iniciativa gratuita focada no comprometimento de hospitais e prestadores de serviço com a melhoria da assistência às gestantes.
A iniciativa norte-americana trabalha alguns interessantes pilares que podem servir de inspiração para que o setor de saúde brasileiro fomente ainda mais o atendimento de qualidade, equitativo e seguro às mães e aos seus bebês.
Entre as ações envolvidas no projeto estão programas de educação em questões críticas de segurança como, por exemplo, pré-eclâmpsia, tromboembolismo venoso, hemorragia obstétrica e a redução segura de cesarianas para priorização do parto vaginal; ferramentas de melhoria de qualidade e treinamento; compartilhamento de casos reais para aprendizado geral; divulgação das melhores práticas; e uma sequência de webinars que envolvem temas como saúde materna negra; avaliação quantitativa da perda de sangue para melhor resposta à hemorragia obstétrica; e melhoria da comunicação das equipes de saúde em ambientes rurais para tomada de decisão assertiva diante de emergências obstétricas.
São diversos os materiais compartilhados pela iniciativa e um deles, focado em melhoria da qualidade, merece destaque. O QI Essentials Toolkit: Maternal Health traz quatro ferramentas para melhoria da assistência às gestantes que podem ser aplicadas nos sistemas de saúde nacionais:
- Diagrama de Ishikawa: ferramenta organizacional que auxilia a equipe a explorar as causas que levaram a um determinado resultado e contribui com a identificação de possíveis melhorias.
- Diagrama Direcionador: ferramenta para visualização clara sobre ações que contribuem para que a equipe alcance os objetivos listados e exige a participação dos membros da equipe para melhor resultado.
- Plan-Do-Study-Act (PDSA): ferramenta útil para implementar ciclos de mudanças onde você planeja, testa, observa e aprende com aqueles resultados, determinando possíveis modificações para as próximas fases.
- Gráficos de tendência e controle: o gráfico de tendência compila dados ao longo do tempo auxiliando na compreensão se as mudanças implementadas estão levando a melhorias e ajudam as equipes a formular objetivos, observar o desempenho e compreender o valor da mudança implementada. Já o gráfico de controle ajuda a compreender as variações comuns do processo e suas causas, trazendo mais informações e auxiliando equipes de melhoria na identificação dos primeiros sinais de sucesso dos projetos.
O documento do IHI traz instruções para utilização de todas as quatro ferramentas além de exemplos práticos que tornam a compreensão mais simples. O documento pode ser visualizado AQUI.
Há, também, uma seleção de ferramentas publicadas pela California Maternal Quality Care Collaborative (que pode ser visualizada AQUI) focadas na redução das mortes evitáveis entre mulheres grávidas e puérperas e redução de danos aos neonatos. Entre as diretrizes estão, por exemplo:
- Diagnóstico e tratamento da sepse materna
- Resposta ao tromboembolismo venoso materno
- Resposta às doenças cardiovasculares na gravidez e no pós-parto
- Cuidados de saúde para resposta à pré-eclâmpsia
- Contenção de hemorragia obstétrica
Por fim, o Better Maternal Outcomes, do IHI, segue compilando informações e diretrizes para a garantia do cuidado materno e neonatal seguros, iniciativas que podem servir de inspiração para as instituições de saúde e os profissionais brasileiros que também estão comprometidos com essa necessidade global de melhoria.
Referências:
(1) Ministério da Saúde assina carta de intenções para parto seguro e respeitoso
(2) Better Maternal Outcomes – Rapid Improvement Network
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