Pacote de intervenções em casos de hemorragia obstétrica pode evitar morte materna
Lucas Santos Zambon
Foi publicado o primeiro pacote de intervenções completamente focado na área de obstetrícia. Trata-se do bundle para Hemorragia Obstétrica, uma iniciativa que nasceu nos EUA e foi criada pelo Council on Patient Safety in Women´s Health Care. Esta organização reúne diversas associações médicas norte-americanas com interface nos cuidados para gestantes (como o American College of Obstetricians and Gynecologists, a Society for Maternal-Fetal Medicine, a American Society of Anesthesiologists e a American Academy of Family Physicians).
A escolha foi baseada no fato de que a hemorragia obstétrica é, entre as complicações graves em obstetrícia, a mais comum no pós-parto (ocorre em 1 a 5 % dos partos), e está entre as três maiores causas de mortalidade materna, sendo considerada a mais evitável. Sendo assim, é altamente recomendável seguir o que está pontuado neste bundle para tentar minimizar eventos adversos nessas ocorrências.
Apenas para pontuar, um consenso internacional de especialistas de 2014 definiu hemorragia pós-parto como sendo um “sangramento ativo maior que 1.000mL nas 24h subsequentes ao parto, e que não cessa com as medidas iniciais que incluem agentes uterotônicos e massagem uterina”.
O bundle proposto de intervenções para hemorragia obstétrica foi descrito com 13 itens divididos em quatro grupos: prontidão; reconhecimento e prevenção; resposta; e relatórios e sistema de aprendizado. Estes itens estão descritos a seguir.
A. Prontidão (nas unidades)
- Ter um carrinho para atendimento de hemorragia com suprimentos, checklists, e cartões de instrução para uso de balões intrauterinos e compressas;
- Criar acesso imediato a medicações para controle da hemorragia;
- Ter um time de resposta a um evento, envolvendo, por exemplo, o banco de sangue, uma equipe cirúrgica de ginecologia, serviços de apoio, etc.;
- Estabelecer protocolos de transfusão maciça e de emergência com uso de sangue do tipo O negativo ou sangue não compatível;
- Treinamento do protocolo para as unidades envolvidas;
B. Reconhecimento e prevenção (nas pacientes)
- Ter rotina de avaliação do risco de hemorragia no pré-natal, na admissão e em outros momentos oportunos;
- Ter rotina de mensuração da perda de sangue acumulada da forma mais quantitativa possível;
- Ter um protocolo para manejo da terceira fase do parto;
C. Resposta (à hemorragia)
- Ter um plano de manejo para a hemorragia obstétrica emergencial padronizado e com checklists;
- Ter programas de suporte ao paciente, familiares e para a equipe em toda hemorragia significativa;
D. Relatórios e sistema de aprendizado (nas unidades)
- Estabelecer uma cultura de reuniões para discussão pós-eventos para identificar os sucessos e as oportunidades de melhoria;
- Ter uma avaliação multidisciplinar das hemorragias graves para tentar melhorar o sistema;
- Monitorar indicadores de processo e resultado em comissões que abordem a melhoria da qualidade da assistência perinatal.
Referência
Saiba mais:
- O que é Segurança do Paciente? – Vídeo Exclusivo do IBSP
Conheça o Council on Patient Safety in Women´s Health Care em: http://www.safehealthcareforeverywoman.org/
Avalie esse conteúdo
Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0