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Impactos do comportamento disruptivo na cultura de segurança

Impactos do comportamento disruptivo na cultura de segurança
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IBSP: Segurança do Paciente - Impactos do comportamento disruptivo na cultura de segurançaA construção de um ambiente de saúde seguro, tanto para os profissionais, quanto para os pacientes, depende de inúmeros fatores. Infraestrutura adequada, gestão eficiente, comunicação transparente e desenvolvimento e fortalecimento da cultura de segurança. Para isso, todos os profissionais envolvidos – desde a recepção até as áreas internas que estão sob altíssima pressão – precisam manter um comportamento adequado e que não ultrapasse essas barreiras de segurança.

Artigo publicado ano passado pela Patient Safety Network (1) traça um paralelo com uma série médica muito conhecida em todo o mundo: Dr. House. Ao longo dos episódios desse programa, o personagem principal, Gregory House, médico renomado por desvendar casos complexos, apresenta um comportamento bastante perturbador diante do qual muitos outros profissionais da saúde sentem dificuldades em lidar. Com o sucesso dos casos por ele comandados, a série acaba por amenizar o fato de que a forma como o protagonista lida com seus colegas de trabalho, e até mesmo com os pacientes, coloca muitos fatores de segurança em risco.

>> Pacientes em risco – Relações intimidadoras prejudicam a segurança

O tema vem sendo debatido há bastante tempo. Em 2008 foram divulgados resultados de uma pesquisa (2) focada em compreender o impacto do comportamento disruptivo no cuidado com o paciente. Com 102 hospitais participando do projeto, foram entrevistados 2.846 enfermeiros, 944 médicos, 40 executivos da administração e outros 700 profissionais atuantes nas unidades de saúde.

Desse montante, 77% afirmaram já ter testemunhado comportamentos disruptivos prejudiciais por parte do corpo médico. Além disso, 65% confirmaram já ter acompanhado, também, esse mesmo tipo de comportamento entre enfermeiros.

A pesquisa também reforça que os profissionais de saúde atrelam essa postura mais agressiva à eventos adversos. Na ocasião, 67% dos entrevistados, entre todas as classes de trabalhadores, disseram entender que esses comportamentos trouxeram impactos diretos à segurança do paciente, além de intervenções negativas entre os membros da equipe.

>> Bullying sofrido pelo enfermeiro pode impactar na segurança do paciente?

No campo da tecnologia, é normal que o termo “disruptivo” seja interpretado com positividade, soando como algo inovador e capaz de revolucionar positivamente o cenário a que se aplica. Porém, quando o termo é inserido na rotina de profissionais que precisam seguir protocolos para garantir a eficácia de suas atividades, que estão diariamente lidando com a vida das pessoas, e que precisam manter uma postura adequada, não é bem assim. Comportamentos disruptivos entre profissionais de saúde geralmente tendem a levar à problemas e falta de segurança.

Após entender que essas atitudes pouco aceitáveis impactam negativamente a colaboração das equipes e os resultados clínicos dos pacientes, um estudo de 2012 analisou essas situações quando ocorridas nas emergências hospitalares. Depois de entrevistar 370 profissionais e anotar que mais de 50% testemunharam comportamentos disruptivos por parte dos médicos e dos enfermeiros, a pesquisa concluiu que esse tipo de comportamento afeta diretamente a dinâmica das equipes, a eficiência da comunicação, o fluxo de informações e a responsabilidade pelas tarefas a serem desenvolvidas.

Como resultado, profissionais estressados, desatentos, descompromissados e desmotivados e pacientes em risco. Tanto que 18% dos respondentes afirmaram lembrar de eventos adversos específicos que ocorreram como reflexo de um comportamento disruptivo de algum colega de trabalho.

Como identificar e prevenir esses comportamentos?

Observar cotidianamente suas equipes, investir em treinamento e prevenir comportamentos disruptivos capazes de ferir os princípios de segurança é um dos desafios dos sistemas de saúde. Uma revisão sistemática (4) reuniu estudos relevantes sobre o tema e percebeu que as intervenções mais comuns estavam atreladas pontualmente aos profissionais, e não às organizações. Além disso, a maioria dos textos encontrados fortalecia a necessidade de aumentar a conscientização por parte das equipes.

Em resumo, a revisão aponta alguns perfis de comportamento não profissional:

  • Agressões diversas, desde verbais como xingamentos e ameaças até agressões físicas
  • Repetição de atitudes negativas por um longo período
  • Hierarquia e desequilíbrio de poder, quando um profissional de um cargo mais alto intimida o outro profissional que se sente indefeso
  • Comportamentos indesejados diversos, entre eles desrespeito, importunação sexual, desvalorização, fofocas, acusações, sabotagens, piadas ofensivas e coerção

Como conclusão, a pesquisa indica que faltam estudos para mostrar o impacto de atitudes organizacionais sobre mudanças comportamentais dos indivíduos, visto que a maioria das intervenções encontradas e avaliadas pela revisão dizia respeito ao profissional individual, ou seja, estratégias para conscientização pontual daquele trabalhador que nem sempre se mostraram eficientes.

Referências:

(1) Disruptive and Unprofessional Behavior

(2) A survey of the impact of disruptive behaviors and communication defects on patient safety

(3) Incidence and impact of physician and nurse disruptive behaviors in the emergency department

(4) Prevention and management of unprofessional behaviour among adults in the workplace: A scoping review

#saudemental

 

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