O desenvolvimento de uma robusta cultura de segurança, bem como uma boa gestão de riscos nas organizações de saúde, favorecem do paciente ao sistema de saúde
Primeiramente, e de forma mais direta, os mais favorecidos por uma cultura de segurança e um processo de gerenciamento de riscos em instituições que prestam cuidados em saúde são os pacientes. É indubitável que qualquer paciente, bem como seus familiares, buscam respostas e soluções quando em interface com o sistema de saúde. Devemos entender que o paciente deseja o resultado mais positivo possível quando ele busca assistência em saúde, seja cura ou controle de uma doença ou sintomas. A ocorrência de eventos adversos é totalmente indesejada nesse contexto, pois só agrega dano, sofrimento, ou eventualmente a morte por uma causa outra que não a doença de base do doente. Sendo assim, uma assistência segura deve ser o plano de fundo para a atuação da instituição de saúde e dos profissionais que prestam esta assistência, mesmo aqueles que indiretamente estejam envolvidos com ela.
Se os pacientes (e suas famílias, por consequência) são os mais beneficiados, não podemos esquecer que os profissionais de saúde também se beneficiam de uma assistência segura e com riscos gerenciados. A ocorrência de eventos adversos frequentemente gera segundas vítimas, que são os profissionais envolvidos. Como na maior parte dos casos de eventos adversos graves estamos falando de erros, ou seja, onde não há intenção alguma de malefício, o profissional que se envolve em um evento adverso sofre com sua falha, com a sensação de vergonha, indignação consigo mesmo, gerando insegurança na atuação e sentimento de menos valia diante de sua profissão. Processos seguros em uma instituição de saúde minimizam a ocorrência de erros ou quase-falhas, evitando que profissionais, muitas vezes competentes e dedicados, sofram com a ocorrência de dano aos pacientes sob seus cuidados.
Gestão de Riscos
A gestão de riscos ainda beneficia a instituição como um todo. Isso porque evitar erros e eventos adversos minimiza o consumo desnecessário de recursos, seja por uso de novos materiais e medicamentos para tratamento de um evento adverso, seja porque evita-se mais dias de internação que poderiam não ocorrer. Ainda, há o benefício de minimizar danos jurídicos ou de imagem que a instituição pode sofrer com a ocorrência destes incidentes.
Beneficia-se também as fontes pagadoras, não importa se dentro do contexto de saúde pública ou privada, pois gastos desnecessários são poupados com processos assistenciais seguros e gerenciados quanto aos seus riscos. Em última análise isso beneficia a sociedade como um todo, pois gastos evitáveis na área da saúde deixariam de ocorrer, minimizando o crescimento dos custos em saúde que para o governo se tornam insustentáveis do ponto de vista orçamentário, ou mesmo para os usuários de planos de saúde privado, uma vez que tendo menos gastos, as operadoras de saúde poderiam minimizar o aumento abusivo de preços ao consumidor, que são sempre superiores aos aumentos da própria inflação.
Do ponto de vista social, ainda devemos ressaltar que mortes desnecessárias são evitadas se a assistência em saúde é conduzida de forma segura. Isso impacta diretamente na sociedade, pois estamos falando de indivíduos muitas vezes produtivos e economicamente ativos que deixam de perder a vida (ou sua capacidade funcional), ou ainda, de vínculos familiares que deixam de ser perdidos, de histórias de vida que podem se perpetuar.
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