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Registros pessoais – Pacientes que carregam listas de seus medicamentos ganham segurança?

Registros pessoais – Pacientes que carregam listas de seus medicamentos ganham segurança?
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O envolvimento do paciente na segurança do cuidado vem se mostrando caminho profícuo para prevenção de incidentes e está, inclusive, listado como ação estratégica no Documento de Referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente (1) publicado pelo Ministério da Saúde. Considerando que eventos adversos relacionados a medicamentos podem levar a danos importantes, aliar esse protagonismo ao melhor gerenciamento das prescrições farmacológicas soa prioritário.

Estudo do British Medical Journal (2) avaliou como a criação de registros pessoais dos medicamentos portados pelos próprios pacientes pode melhorar a segurança dessa administração. A publicação sugere que a criação dessas listas melhora até mesmo a identificação de potenciais interações medicamentosas, além de funcionar como um lembrete para que o paciente evite atraso nas doses, esqueça de tomar ou de mencionar alguma medicação durante as consultas médicas.

A proposta de ampliar o protagonismo do paciente quanto à sua lista de medicamentos vai ao encontro de outra mudança que está sendo implementada na assistência à saúde e diz respeito à maior proximidade do farmacêutico clínico dos atendimentos, tendência em um momento de priorização do olhar multiprofissional.

Na opinião de Daniella Cristina de Oliveira, especialista em farmácia clínica, esse controle proporcionado pelo autocuidado auxilia na organização e na corresponsabilidade de todos os atores envolvidos no ciclo de assistência. “Hoje, muitos pacientes passam por várias especialidades e é importante que cada médico saiba o que já foi prescrito pelo outro. Esse formato de gerenciamento melhora a organização e a segurança dos processos principalmente para aqueles que utilizam mais de três medicamentos”, comenta.

Além das interações medicamentosas já mencionadas no estudo britânico, com essa lista em mãos os profissionais podem estabelecer uma melhor dinâmica para ingestão dessas medicações, considerando inclusive a dieta do paciente. Daniella também explica que essa estratégia de registro pessoal de medicamentos permite a multiplicação da informação para todos os interessados, sejam eles médicos, enfermeiros, nutricionistas ou qualquer outra especialidade.

Corroborando com essa percepção, artigo do Pharmaceutical Journal (3) enfatiza que o prontuário eletrônico do paciente pode não apresentar todas as medicações que estão em uso, visto que o cidadão pode ter medicamentos prescritos em diversos ambientes de saúde e o prontuário pode falhar em apontar, por exemplo, uma prescrição advinda do cirurgião-dentista ou de uma consulta particular, cujos retornos não são imputados no registro de saúde pública. Frisa que o paciente é a única pessoa presente em todos os estágios de sua assistência, ou seja, quando ele carrega, consigo, uma lista de medicamentos, ela acaba sendo mais confiável como adendo à sua própria segurança.

Esse cenário é facilmente identificável no Brasil, onde o sistema de saúde é fragmentado, composto pelas esferas pública e privada sem uma troca completa de informações entre as duas vertentes, o que faz com que detalhes dos atendimentos se percam. Considerando a assistência multiprofissional, esses registros pessoais, listas de medicamentos que os pacientes portam, tornam-se ainda mais relevantes. “O ideal seria, obviamente, um prontuário eletrônico completamente integrado para que todas as especialidades tivessem acesso às informações dos pacientes. Mas não acredito que isso seja viável”, finaliza Daniella.

Referências:

(1) Documento de Referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente

(2) How can patient-held lists of medication enhance patient safety? A mixed-methods study with a focus on user experience

(3) The future is giving patients control over their own medication records

 

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